A atual versão de Éramos Seis, em cartaz no horário das 18h da Globo, já é a quinta adaptação do romance de Maria José Dupré lançado em 1943. As versões mais conhecidas são a de 1977, na Rede Tupi, e a de 1994, do SBT. Anteriormente, a mesma história já havia sido contada pela Tupi, em 1967. E em 1958, antes do advento da telenovela diária, pela TV Record. Ademais, houve também um filme lançado em 1945, de produção argentina. Há outras novelas com várias versões na nossa TV. Vamos recordar algumas delas.
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Senhora
José de Alencar publicou o romance Senhora em 1875. Exatos cem anos depois, a Globo produziu uma adaptação da história para seu horário das 18h, de tônica literária. Gilberto Braga adaptou e Herval Rossano dirigiu a relação de Aurélia (Norma Blum) com seu marido comprado, Fernando (Cláudio Marzo). Moça pobre, ela se descobria herdeira de um rico fazendeiro, seu avô paterno, e passava a ter tanto dinheiro que “comprava” para si o noivo que a desprezara em prol da mais interessante financeiramente Adelaide (Fátima Freire).
Marcílio Moraes e Rosane Lima escreveram em 2005 para a Record TV a novela Essas Mulheres, que uniu em seu enredo três romances de Alencar: além de Senhora, também Diva e Lucíola. Christine Fernandes, Gabriel Braga Nunes e Adriana Garambone foram os intérpretes de Aurélia, Fernando e Adelaide. No entanto, Senhora ganhou versões em formato de telenovela antes disso. Em 1951, na TV Paulista, uma das primeiras novelas da emissora originou-se de Senhora. No ano de 1962 foi a vez da TV Tupi.
Helena
O romance Helena pertence à fase romântica de Machado de Assis e foi publicado em 1876, a saber. Em 1952, a TV Paulista o adaptou pela primeira vez como telenovela. Vera Nunes viveu a protagonista, que desperta o amor de Estácio (Paulo Goulart), supostamente seu meio-irmão. A Globo inaugurou um ciclo contínuo de produções literárias às 18h com Helena em 1975. Lúcia Alves e Osmar Prado estrelaram a adaptação de Gilberto Braga. Já em 1987 foi a vez da Rede Manchete, com Mário Prata adaptando Machado e tendo Luciana Braga e Thales Pan Chacon nos papéis centrais.
A Muralha
A escritora Dinah Silveira de Queiroz publicou A Muralha em 1954, ano do Quarto Centenário de São Paulo. Só para ilustrar, na mesma década de 1950 o livro foi adaptado como telenovela em duas ocasiões: em 1954, ainda nos primeiros tempos da TV Record, e em 1958, pela TV Tupi. Em 1962, a TV Cultura (na época integrante dos Diários e Emissoras Associados) fez a sua versão. Além disso, a TV Excelsior fez a partir de A Muralha uma produção milionária em seu horário de novelas das 19h30, com texto de Ivani Ribeiro, em 1968.
No ano 2000, as celebrações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil tiveram em A Muralha um dos principais destaques na grade da Globo. Maria Adelaide Amaral se baseou no romance para escrever uma minissérie, mas deslocou nela a ação para um século antes. Só para ilustrar, Mauro Mendonça viveu na Excelsior e na Globo o mesmo personagem: Dom Braz Olinto, líder da Fazenda Lagoa Serena. Com efeito, a história criada há 65 anos é uma das campeãs entre as novelas com várias versões.
Gabriela
Jorge Amado lançou seu romance Gabriela, Cravo e Canela em 1958. Já em 1961 o romance foi adaptado pela TV Tupi do Rio de Janeiro. Na ocasião, Janete Vollu e Renato Consorte viveram os papéis da sedutora retirante Gabriela e do turco Nacib, que a emprega e por ela se apaixona. Só para ilustrar, Paulo Autran era o revolucionário Dr. Mundinho Falcão, que desafiava o poder estabelecido na Ilhéus da década de 1920. Posteriormente, a Rede Globo produziu duas adaptações do romance de Amado. Sônia Braga e Armando Bogus foram Gabriela e Nacib em 1975, com texto de Walter George Durst e direção de Walter Avancini. Em 2012, Walcyr Carrasco teve como protagonistas da versão que assinara Juliana Paes e Humberto Martins. Ademais, Sônia foi Gabriela também no cinema: Bruno Barreto lançou Gabriela em 1983, com Marcello Mastroianni no papel do turco.
Cabocla: para muitos uma surpresa entre as novelas com várias versões
Cabocla foi publicado por Ribeiro Couto em 1931. Sua breve narrativa é centrada no amor que surge entre Zuca, a cabocla do título, e Jerônimo, moço da cidade que se desloca para o interior capixaba a fim de cuidar de sua saúde fragilizada por uma vida de boêmia. Foi esse enredo que serviu de base até aqui a três novelas, todas com o mesmo nome do livro. Em 1959, na TV Tupi do Rio de Janeiro, Glauce Rocha e Sebastião Vasconcelos foram o primeiro casal de Cabocla.
Duas décadas depois, na Globo, Benedito Ruy Barbosa fez uma adaptação com Glória Pires e Fábio Jr. como protagonistas. E 25 anos depois, em 2004, a emissora refez a novela, agora com Vanessa Giácomo e Daniel de Oliveira. A propósito, essa versão de 15 anos atrás será reprisada pelo Canal Viva a partir de 7 de outubro, às 15h30, no lugar de Porto dos Milagres.
Meu Pé de Laranja Lima: sucesso infantojuvenil está entre as novelas com várias versões
Publicado em 1968, o romance infantojuvenil autobiográfico de José Mauro de Vasconcelos inspirou de imediato uma versão para o cinema, dirigida por Aurélio Teixeira. Posteriormente, uma novela da Rede Tupi, escrita por Ivani Ribeiro e exibida entre 1970 e 1971. O protagonista é Zezé, um garoto pobre, filho de uma família grande, que conversa com a árvore do título e encontra afeto no português Manuel Valadares. Júlio César Cruz (no cinema) e Haroldo Botta foram os primeiros intérpretes do garoto.
O trabalho de Ivani foi reeditado pela Rede Bandeirantes entre 1980 e 1981, com Alexandre Raymundo. Além disso, uma nova versão da história, outra vez como novela, foi escrita por Ana Maria Moretzsohn para a Band entre 1998 e 1999. Aqui foi Caio Romei o protagonista. Como se não bastasse, outro filme foi lançado em 2013. Dirigido por Marcos Bernstein, o novo filme teve João Guilherme no papel de Zezé.