O colunista deve ser um dos analistas do novo canal de notícias, a franquia brasileira do CNBC. Antes mesmo de sua saída do portal Metrópoles, de Brasília, o profissional já estava no radar de Douglas Tavolaro para integrar a sua equipe televisiva. A contratação fica ainda mais facilitada com a demissão de Guilherme Amado feita pelo veículo digital.
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Apesar de ter sua estreia marcada para o próximo dia 17, ainda não foi anunciado os nomes de analistas que farão parte da equipe nacional, função que aqui no Brasil tem sido cada vez mais explorada pelo segmento noticioso. Alguns motivos influenciam a adoção da super exposição de comentaristas no ar.
Eles conseguem atuar em vários programas sequenciais povoando a programação além de tratarem dos mais variados temas no mesmo dia, mesmo sejam repetitivos e nada de novo tenham a acrescentar. Essa demanda faz com que avaliem os assuntos de forma rasa, muitas vezes faltando o real domínio temático.
Outro fator influenciador é que por serem, em geral, pessoas conhecidas e de credibilidade, acabam emprestando sua reputação para a empresa entre o público e os anunciantes. Assim, a adoção desses profissionais acaba sendo mais oportuna para os dirigentes brasileiros, gerando com poucos profissionais um volume maior para ocupar a extensa grade de 24 horas.
E ainda as presenças deles quase full time ajuda a disfarçar a carência de repórteres em campo, que são os maiores responsáveis por manter a dinâmica, a atualidade o diversidade através de apuração própria, garantindo a matéria-prima vital para este segmento, que é a notícia.
A reportagem oxigena, embasa e valoriza as narrativas dos próprios colegas comentaristas, que contam com maior opção de temas além de poderem se dedicar a sua real função de contextualizar sem a pressão por exclusividade e agilidade a todo custo, resultando em desastrados erros. No entanto, estão cada vez mais escassos pois possuem logística e mais altos custos de produção e operacional.
Muitos Comentaristas para notícias de menos
O uso excessivo de analistas no ar está cada vez mais vigente no Brasil, que escalam esses profissionais repetidamente para quase todos os programas. Inclusive, é o formato adotado pela líder no segmento, em detrimento de repórteres in loco e a entrevistas.
Essa prática também acontece na líder do segmento, a Globonews, apesar dela ter a sua disposição a rede de correspondentes internacionais e as estruturas das redações próprias ou de afiliadas da TV Globo por todo o Brasil. Situação bem diferente da estreante o preenchimento dos espaços com comentários CNBC, que não possui o mesmo arsenal de repórteres e suporte de sucursais espalhadas pelo país.
Montagem da nova equipe
Embora a marca norte-americana ter 25 escritórios pelo mundo, o material produzido mundialmente pela CNBC acaba sendo de pouca serventia para a franquia, com aproveitamento apenas das imagens que precisam ser reeditadas e narradas em nosso idioma pelos apresentadores locais. Assim, o resultado final acaba muito parecido com os produtos oferecidos a todos os assinantes das agências de notícias internacionais.
Vindo o material da rede em inglês, inviabiliza a abertura para entradas ao vivo, fundamentais para o segmento especializado em notícias. A adoção do recurso de transcrição em barras de caracteres atrasa a veiculação perdendo a agilidade encontrada na concorrência e na internet. Além disso, o público nacional não possui o hábito de consumir factuais legendados e quando são utilizados são praticamente restrito a especiais e documentários.
Apesar da proximidade da estreia, é ainda uma incógnita o preenchimento dos apresentadores para ocuparem as 24 horas da grade diária. Até agora, somente os anúncios de Zeca Camargo – para a área cultural, Carol Barcellos – esportes e Christiane Pelajo – para a ancoragem factual.
Fugindo do perfil mundial restrito à economia, a versão tupiniquim de Tavolaro promete fugir do padrão da franquia, assumindo uma linha mais generalista, parecida com a implantado pelo mesmo empresário quando montou a a CNN no Brasil, estrutura esta que vem desidratando desde sua saída do comando.
Demissões em massa, redução da presença em Brasília desativação dos estúdios e redação recém montados no Rio de Janeiro, estrutura que dava a CNN Brasil uma proximidade maior da líder Globonews, com base carioca e garantia um trunfo diferencial na concorrência direta com a Jovem Pan News, Bandnews e Record News, com sua geração restrita à sede.
Bastidores da demissão de Guilherme Amado
O colunista teve seu contrato rescindido pelo veículo brasiliense após ter começado a fazer análises políticas para a TV da Internet ICL Notícias onde também dão expediente jornalistas consagrados como o ex-Globo – Chico Pinheiro, Juca Kfouri, Luis Nassif, Guga Noblat, Heloisa Villela, Leandro Demori, Xico Sá entre outros.
Segundo apurado, não existe cláusula de exclusividade no contrato. Tanto que não é o primeiro contratado do Metrópoles a prestar serviço para outro veículo de comunicação não concorrente direto. Amado garantiu que a sua dupla jornada, que já acontecia há três anos, não era segredo para a direção do portal.
No entanto, ele não mencionou a sua polêmica de demissão na coluna de despedida, em que fez referência e agradeceu aos leitores, colaboradores, colegas e a direção do Portal Metrópoles.
“Agradeço ao Metrópoles pelo espaço e pela confiança, nas pessoas da CEO, Lilian Tahan, da diretora de redação, Priscilla Borges, e dos editores-executivos Otto Valle e Márcia Delgado“.
Oitos jornalistas fazem parte da equipe de Amado: Naomi Matsui, Bruna Lima, João Pedroso de Campos, Edoardo Ghirotto, Lucas Marchesini, Natália Portinari, Paulo Cappelli e Athos Moura. Não há nenhuma garantia do Metrópoles se vão ser reaproveitados em outros setores ou mesmo se a coluna será mantida com outro nome e tocada pelos demais integrantes do grupo.
Guilherme Amado, começou a carreira nos Jornais Extra e o Globo – do Rio de Janeiro. Em Brasília, teve passagens pelas sucursais das revistas Veja e Época, além da redação do Jornal Correio Brasiliense.