O Fantástico exibe neste domingo (30), véspera da estreia da nova versão de um dos maiores títulos da teledramaturgia brasileira, o documentário Como Nasce uma Novela. Na produção, iniciada há sete meses, o Show da Vida acompanha de perto todos os encontros da equipe responsável pela nova versão da novela Vale Tudo, desde as primeiras reuniões à escalação do elenco, passando pela escolha dos figurinos e da construção da cidade cenográfica.
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Durante cerca de 40 minutos, o documentário mostra como os atores criaram seus personagens e ouve a autora, colaboradores, diretores, elenco e produtores, que contam como foi construir uma novela que marcou uma época e segue atual em um Brasil tão diferente de quando foi exibida a primeira versão, em 1988.
A autora Manuela Dias acredita que o público vai se divertir com a novela e fala sobre a adaptação do texto para os dias atuais. “Eu acho que recontar faz parte da natureza das histórias. É também a oportunidade da gente se rever com relação a diversos temas e olhar o quanto a gente mudou desde a última vez em que ouviu essa história, como as coisas mudam com o tempo. Hoje em dia tem internet, tem celular, não dá pra gente marcar com uma pessoa e não encontrar, por exemplo. Então, como a gente vai avisar que a maionese está estragada hoje? Como fazer com que Celina tenha que ir até Jacarepaguá para falar ‘não toquem na maionese’”, conta fazendo referência à clássica cena em que a personagem ordena que não comam a maionese por estar envenenada.
Foi na cidade turística paranaense de Foz do Iguaçu que o elenco gravou as primeiríssimas cenas da trama, envolvendo, em média, 130 pessoas por dia nos sets, sendo 70 de elenco e equipe e 60 figurantes. Para a produção do documentário, o Fantástico acompanhou a visita técnica realizada na região por 5 dias, ainda no ano passado, e as gravações que aconteceram por mais duas semanas.
No Rio de Janeiro, as equipes do Show da Vida registraram também os bastidores do workshop com a presença de todo o elenco realizado nos Estúdios Globo. A atriz Débora Bloch, que interpreta Odete Roitman, fala sobre a importância dos encontros com toda a equipe antes das gravações começarem.
“Quando eu comecei a fazer novela 45 anos atrás, mais ou menos, a gente não fazia esses encontros. A gente praticamente se via no dia de gravar. Mas uma novela é feita de muita gente além de nós, os atores. Tem muita gente por trás para uma novela acontecer”, afirma.
Débora conta também sobre o momento em que começou a entender mais sobre Odete. “Foi ali na preparação que eu comecei a entender as relações da Odete. Foi um exercício muito legal porque ali apareceu claramente essa relação com a Heleninha, com Afonso e a relação deles com essa mãe, tão forte, castradora e controladora”.
Para representar os brasileiros que assistiram a primeira versão da novela na década de 1980, transmitida durante o período de redemocratização do Brasil e da promulgação da Constituição de 1988, o documentário reconstrói, dentro do estúdio do Fantástico, uma casa de família da época.
A atriz Taís Araújo, que vive a personagem Raquel Acioli, avalia como a novela dará a possibilidade do brasileiro de se enxergar na história, fazendo um paralelo entre as épocas em que a novela foi exibida e agora vai ao ar em nova versão.
“Acho que hoje a gente tem um olhar mais crítico sobre o país do que a gente tinha em 1988. Um olhar mais maduro sobre o Brasil, onde muitas verdades apareceram, muitos véus caíram. Eu acho muito bom a gente se encarar de frente, como a gente é. E essa versão agora é a chance que a gente tem de se olhar e falar ‘meu Deus, a gente é assim, e agora? O que faremos com isso?’”, diz ela.