Crítica

The Last of Us, da HBO Max, trabalha luz e sombra, através das personagens

Tendo a direção de arte como um de seus carros-chefes mais qualificados

Publicado em 26/01/2023

Se colocarmos nossas mais altas expectativas na mesa, com a história pós-apocalíptica à la zumbis The Last of Us, talvez, terminemos ao final desta primeira temporada, satisfeitos, mas ponderando, uma vez que meditaremos a respeito de uma narrativa que não foi tão longe de muitas coisas já vistas antes, em se tratando da temática sobre zumbis que tomam conta do planeta.

Então, é o caso de tratarmos o material como algo que vai além do tema, e é exatamente isso o que pudemos analisar do segundo episódio ‘Infectados’ – já disponível na plataforma da HBO Max. É muito prático, ficar circulando pelos tantos valores de produção, vistos neste capítulo mais recente, principalmente, se colocarmos em prática, aquele velho exercício de comparação entre o que foi feito para o jogo de vídeo game e a produção serial original da HBO.

Contudo, o que realmente vale um destaque qualitativo, até o momento, é a forma como esta narrativa trabalha seu bem mais rico, no caso, as personagens. E, em ‘Infectados’, ninguém chamou mais a atenção do que Anna Torv – intérprete da personagem Tess.

The Last of Us 1
The Last of Us

Direção de arte: 10

Quem acompanhou Game of Thrones, já sabia que qualidade de produção era garantia certa, em se tratando de HBO. Ano passado, tivemos A Casa do Dragão para provar, mais uma vez, o poder de investimento da rede de televisão americana. E, mais impressionante que os efeitos visuais para criar figuras fantasiosas e dragões, é o primor da direção de arte na construção de cenários incrivelmente imersivos.

Pelo segundo capítulo ‘Infectados’, testemunhamos o quanto que a HBO se importa com o envolvimento de fãs e assinantes, naquele mundo à parte de tudo o que já viram antes. Sendo que ficam nos menores detalhes, toda aquela riqueza que fazem tantos e mais tantos, ficarem completamente encantados e hipnotizados com aquilo que seus olhos assistem. Por essas e outras, que certamente veremos a HBO na vanguarda, quando o assunto é excelência na transposição do material.

The Last of Us 2
The Last of Us

Luz & Sombra

Por volta dos 15 minutos, do mais recente episódio de The Last of Us, terão uma chance de observar um enquadramento que dirá tudo o que precisariam saber dali em diante. Temos três personagens em cena, Ellie (Bella Ramsey), Tess (Anna Torv) e Joel (Pedro Pascal), onde cada um destes encontra-se em uma posição diferente, que resume com precisão o que cada um destes representa ou almeja, naquele específico momento.

A jovem Ellie encontra-se banhada pelo feixe de luz, como a esperança de uma vida e futuro que nem a própria tem a noção que significa; enquanto, Joel está totalmente imerso na escuridão das sombras, sem qualquer traço de fé ou otimismo a respeito de uma realidade diferente daquela que viveu pelos últimos 20 anos.

Agora, quando analisamos Tess, que percebemos aquele que foi o maior trunfo de ‘Infectados’, pois ela encontra-se entre ambos, a luz e a sombra, como que no meio da esperança e a realidade. Alguém que fez o movimento de sair da escuridão, na busca de uma versão diferente para sua própria vida, através de uma performance nuançada de Anna Torv, que encheu a tela de calor e rigidez. Se The Last of Us continuar apostando nas características e traços de suas personagens, certamente, será (muito) mais do que apenas uma trama de sobrevivência em um mundo de monstros.