O SBT jogou um balde de água fria no público da novela Paixões de Gavilanes, em exibição desde o último dia 16 (segunda-feira) nas tardes do canal. Desanimada com os péssimos índices de audiência alcançados pela atração importada, a emissora anunciou hoje a interrupção da novela em sua grade.
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A história dos irmãos Reis e das irmãs Elizondo deixa de ser contada por aqui já a partir de amanhã (quarta-feira, 17), sendo cancelada com apenas sete de seus 80 capítulos veiculados. Paixões de Gavilanes é uma continuação da novela Paixões Ardentes, que a RedeTV! levou ao ar em 2004 – e também interrompeu sua transmissão sem um desfecho, mostrando só 60 dos 180 episódios da obra.
Embora nunca vista com agrado pelos noveleiros de plantão, uma situação como a das ‘duas Paixões‘ está longe de ser inédita na televisão nacional. Relembremos outros casos de folhetins que tiveram sua transmissão interrompida sem direito ao happy ending puro e concreto.
Abigail (Band)
Atraída pela popularidade internacional desta trama venezuelana, a Band a adquiriu em 1992, na esperança de conquistar os fãs de dramalhões latinos. A trama trazia como protagonista o ator Fernando Carrillo, galã de Rosalinda, ao lado de sua esposa à época, Catherine Fulop.
O problema é que os índices de audiência de Abigail no canal do Morumbi começaram tão, mas tão baixos, que a novela sequer completou uma semana no ar, saindo do ar depois de apenas três episódios.
E vejam só que ironia: parte do roteiro original de Abigail foi posteriormente adaptado pela Televisa em Maria do Bairro (1995), que anos depois, em 1997, alcançaria estrondosa popularidade no SBT – e também no catálogo do Globoplay, onde estreou no ano passado.
Quase Anjos (Band)
A Band – mais uma vez ela – se deu bem em 2010 ao escalar, para sua grade matinal, as novelas teen Quase Anjos e Isa TK+, exibidas em sequência. Disposta a dar continuidade ao filão, a emissora garantiu junto à rede argentina Telefe a compra da terceira temporada de Quase Anjos – a qual, infelizmente, não se saiu tão bem no Ibope quanto a anterior.
Para piorar, atrasos no envio dos capítulos pela distribuidora acabaram atrapalhando o processo de dublagem e mesmo de exibição desta fase da história – que leva a assinatura de Cris Morena, criadora de Chiquititas e Rebelde. A gota d’água aconteceu quando Quase Anjos 3 perdeu o patrocínio da marca de refrigerante Guaraná, sua única anunciante.
A Band, então, desistiu de vez da novela e encerrou sua exibição no capítulo 113, corresponde ao de número de 97 da edição original. Ao todo, haveria mais 40 episódios do ciclo em exibição e ainda uma quarta temporada completa por vir – ambos materiais até hoje inéditos na TV brasileira.
Brida (Manchete)
Não são apenas os folhetins estrangeiros que já saíram do ar inconclusos na TV nacional. Em 1998, no auge de sua crise financeira, a hoje extinta Rede Manchete apostou numa proposta ambiciosa como estratégia para se reerguer, adaptando para telenovela o best seller de Paulo Coelho, Brida.
A investida, porém, revelou-se um verdadeiro tiro no pé. Com meta de 10 pontos, a versão televisiva de Brida estacionou em apenas 2, afugentando os anunciantes e agravando ainda mais o já periclitante quadro financeiro da Manchete.
Dois meses após a estreia da trama, elenco e equipe de produção entraram em greve, já que estavam sem receber salários, e a situação, que era difícil, tornou-se insustentável. Brida saía então do ar com 54 capítulos, tendo como único ‘desfecho’ uma narração de Eloy de Carlo, que explicava como a história chegaria ao fim.
Um Amor de Babá (Record TV)
A turma dos bispos também já fez das suas. Em 2002, a empolgação com o sucesso da saga venezuelana Joana, a Virgem levou a Record TV a buscar, na Colômbia, outro título de comprovado apelo internacional para dar sequência à faixa de dramaturgia em sua grade noturna: La Baby Sister.
A trama, cujo título original brincava com a expressão inglesa ‘baby sitter‘, centralizava-se no romance caliente entre a sensual babá Fabiana – interpretada pela colombiana Paola Rey, que curiosamente também figura entre as protagonistas de Paixões de Gavilanes – e seu patrão, Daniel (Víctor Mallarino). A fim de potencializar a identificação do público brasileiro com a história, Edir Macedo rebatizou a obra como Um Amor de Babá e até trouxe a estrela da trama ao Brasil para ajudar a promover o folhetim.
Tudo em vão: Um Amor de Babá derrubou os índices de audiência de Joana, a Virgem e acabou tirada do ar sem maiores explicações, com apenas 22 capítulos exibidos. Embora o baixo Ibope tenha sido apontado como o fator principal para o cancelamento da atração, rumores de bastidores davam conta de que parte da cúpula da Record teria ficado desgostosa com um núcleo de sátira religiosa que se formaria a certo ponto da história.
Destilando Amor (SBT)
Com Destilando Amor explodindo em audiência no horário nobre mexicano em 2007, o SBT decidiu trazer esse sucesso para as suas tardes, confiante de que ele se repetiria por aqui. Mesmo porque a obra da Televisa nada mais era que um remake do folhetim colombiano Café com Aroma de Mulher, transmitido com êxito pela emissora em duas ocasiões – e com uma adaptação mais recente, de 2021, agora engatilhada para exibição no futuro.
O tiro, no entanto, saiu completamente pela culatra: com médias em torno de míseros 2 pontos, Destilando Amor saiu do ar com apenas 20 episódios transmitidos. Algo parcialmente justificável – com seu desfecho ainda inédito no próprio México, antecipá-lo por aqui seria impossível! -, mas ainda assim desrespeitoso.
Olhos d’Água (Band)
Rainha das retiradas bruscas de telenovelas importadas, a Band assinou, no final de 2003, um contrato de exclusividade com a distribuidora europeia NBP para a exibição de folhetins portugueses por aqui.
O sucesso internacional Olhos d’Água abriria esta parceria, estreando em 19 de janeiro de 2004 na faixa das 16h. A atração foi, inclusive, dublada em português brasileiro para facilitar a identificação com o público local. Os baixos índices de audiência, porém, não tardaram em decepcionar a emissora dos Saad, que decidiram remanejá-la para a ingrata faixa das 8h da manhã.
Com índices ainda menores, por vezes abaixo do 0,5 ponto, a obra lusitana – protagonizada pela estrela local Sofia Alves, na pele das gêmeas Leonor e Luísa – acabou saindo do ar em agosto, inconclusa e despercebida, com apenas 140 de seus 207 capítulos exibidos.
Morangos com Açúcar (Band)
Espécie de Malhação portuguesa, Morangos com Açúcar foi um hit entre os adolescentes da ‘terrinha’, onde foi exibida de 2003 a 2012, em nove temporadas. De olho nesse êxito, a Band considerou que a trama teen poderia ter mais êxito em sua faixa das 16h do que também lusitana Olhos d’Água vinha alcançado às 4 da tarde.
No dia 29 de março de 2004, a temporada inaugural de Morangos com Açúcar passou a ocupar a faixa de sua precursora, transferida para as manhãs. Mas os números do Ibope permaneceram exatamente os mesmos. Com tão pouca repercussão, a saga adolescente de título esquisito mal durou 80 capítulos na tela do Morumbi. E o final que é bom, nada!
Minha Vida (Band)
A Band parece mesmo campeã em colocar novelas no ar e não se preocupar em dar um encerramento digno a elas. Depois de alguns anos dedicando seu horário nobre a transmitir produções turcas, a emissora decidiu colocar um ponto final neste filão para dar uma nova chance à dramaturgia lusitana, com a premiada novela Ouro Verde.
Antes de liberar, porém, o espaço em sua grade para esta renovação, os irmãos Saad precisavam se ‘livrar’ de Minha Vida, título turco em cartaz naquele então. Só havia um problema: a novela era longuíssima, amargava baixa audiência e, para piorar, o canal só havia comprado os direitos de exibição das duas primeiras temporadas da história – transmitida como série em seu país natal.
A solução encontrada foi a de sempre: Minha Vida se despediu do público no exato gancho da segunda para a terceira edição da narrativa, sem qualquer coisa que pudesse se assemelhar a um desfecho. Mais uma vez, o público o ficou a ver navios – mas não pela última ocasião…
Nazaré (Band)
Escalada para recuperar os índices da faixa noturna do Morumbi, após uma desastrosa reprise da infantil Floribella (2005-2006), a trama portuguesa da SIC não se mostrou à altura da missão, passando praticamente despercebida na TV tupiniquim.
Por isso, a Band preferiu exibir a conclusão da primeira temporada de Nazaré como se fosse o desfecho oficial da história e encerrar a exibição de novelas nesse espaço da grade, que passou a ser ocupado pelo programa Faustão na Band. Dos 334 capítulos da obra completa, o público brasileiro conheceu apenas 174.