Na manhã desta terça-feira (31), a jornalista Sônia Bridi, de 59 anos, relatou a sua experiência de vida após passar um dia com o povo yanomami, durante a sua entrevista ao programa Encontro com Patrícia Poeta. Na conversa, a repórter falou sobre as atrocidades que estão ocorrendo na região, como sequestros de crianças, a desnutrição do povo indígena por conta do garimpo ilegal e a volta da malária entre a população da tribo.
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“Já vi muita coisa acontecendo em vários lugares do mundo. Já estive em campos de refugiados, que é sempre um lugar extremamente triste. Mas o que eu vi na terra yanomami é muito mais devastador, porque a terra é saudável”, desabafou a jornalista em seu relato.
Sônia Bridi também apontou que toda a tragédia que assola os yanomamis é fruto de um descaso dos últimos quatro anos, em que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permitia a ação dos garimpeiros criminosos nas terras indígenas.
“O que a gente viu ali é a destruição da terra, o descaso que aconteceu durante quatro anos, o incentivo a uma atividade ilegal, criminosa, crime organizado, um risco à segurança nacional a presença desses bandidos em números absurdos dentro da terra yanomami, circulando entre Brasil e Venezuela. Isso tudo levou a essa tragédia humanitária”, contou a repórter.
Ao fim da reportagem, Sônia Bridi falou sobre as suas sensações após visitar a tribo e confessou estar envergonhada por ser brasileira neste momento, e comparou com as cenas lamentáveis da época do Holocausto.
“Senti muita raiva. Senti uma raiva tremenda. No começo não estava tão grave assim, mas já era um caso bastante grave em novembro de 2021. E não houve reação nenhuma por parte do governo. Eu estava tentando entrar na terra yanomami já há muito tempo, mas não tinha segurança para entrar. Como você vai entrar num território tomado por bandidos? As equipes de saúde não estavam entrando lá”, disse ela.
“Você sente uma tristeza tremenda, mas também uma revolta, uma indignação, porque se permitiu que fosse feito isso no nosso tempo. Pareciam cenas de holocausto”, completou Sônia Bridi, em choque com toda a situação.