A Globo encerra a primeira temporada de Segunda Chamada colhendo todos os louros da bem-sucedida produção. A série não apenas aumentou a oferta da produção nacional na linha de shows da emissora, como ajudou a consolidar o projeto de séries dramáticas do canal. Ao lado de Sob Pressão e Carcereiros, Segunda Chamada forma uma trinca poderosa.
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Segunda Chamada toca num tema bastante oportuno na atualidade. Ao narrar as dificuldades dos alunos do curso de adultos da escola pública Maria Carolina de Jesus, a série expõe o grave problema da educação pública no país. Com isso, injeta na narrativa alguma relevância, ao se colocar como um instrumento de debate e reflexão sobre um problema real do Brasil. Porém, não perde de vista o entretenimento. Assim, Segunda Chamada se mostrou como uma série nacional de fato.
E é esse o mérito da atual safra de séries dramáticas da Globo. Com Segunda Chamada, Carcereiros e Sob Pressão, a emissora finalmente conseguiu uma identidade própria de suas séries, fugindo dos vícios de novela e, ao mesmo tempo, sem imitar similares estrangeiros. Deste modo, finalmente conseguiu atrair a atenção do público e da crítica. Ao contrário de várias das tentativas anteriores da emissora, que produziu séries que passaram em brancas nuvens. Ou alguém ainda se lembra de A Segunda Dama ou Lara com Z?
Drama intenso
Em seu primeiro ano, Segunda Chamada tocou em temas importantes, como intolerância, violência doméstica, preconceitos diversos e desigualdade social. A série acertou bastante nas abordagens, sobretudo na trajetória de figuras como a professora Sonia (Hermila Guedes) e o professor Marco André (Silvio Guindane).
Segunda Chamada só errou um pouco na dose do drama. Mesmo sendo essencialmente dramática, faltou um respiro, ou alguma dose de esperança na narrativa. A história da professora Lucia (Débora Bloch) é cheia de dramas pesados, e não há qualquer luz sobre a protagonista. Vivendo quase como numa depressão, Lucia é tão pra baixo que fica difícil torcer por ela.
Mas isso não tira o mérito de Débora Bloch, e muito menos reduz o brilho de Segunda Chamada. A criação de Carla Faour e Julia Spadaccini é necessária e merece vida longa.
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