Ao contrário do primeiro episódio, que trazia Fernanda Montenegro e Fernanda Torres explorando uma grande locação, o segundo episódio de Amor e Sorte teve uma pegada mais “intimista”. Num único cenário (a casa onde os atores vivem), o casal formado por Lázaro Ramos e Taís Araújo entrou num espiral de discussão cotidiana que remeteu ao clássico A Comédia da Vida Privada (1995-97).
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No humorístico dos anos 1990, os episódios eram caracterizados por poucos cenários (a maioria tinha apenas um) e poucos personagens, mostrando a intimidade entre eles. A tônica aqui era o texto, e não a produção. E o humor era sempre baseado em situações corriqueiras, de fácil identificação.
O episódio Linha de Raciocínio, de Amor e Sorte, segue o mesmo estilo. Os personagens de Lázaro Ramos e Taís Araújo passam todo o episódio falando de um panelaço. O tema inusitado os leva aos altos e baixos de uma DR, com momentos tensos, divertidos e ternos.
A semelhança com A Comédia da Vida Privada não é por acaso. As duas séries têm Jorge Furtado na linha de frente. E vários episódios da série dos anos 1990 foram assinados por Fernanda Young. A saudosa roteirista, como se sabe, era parceira profissional e de vida de Alexandre Machado, autor de Linha de Raciocínio.
Alexandre Machado e Fernanda Young, juntos, foram responsáveis por uma galeria de séries com um humor de crônica que se tornou referência. Os Normais foi a criação máxima do casal. Com Linha de Raciocínio, Machado manteve a esperteza do texto que sempre permeou a trajetória de Rui (Luiz Fernando Guimarães) e Vani (Fernanda Torres).
Não por acaso, o episódio foi dedicado a Fernanda Young. Lázaro Ramos e Taís Araújo, com suas químicas de vida, imprimiram humanidade ao texto saboroso de Machado. Com isso, o segundo episódio de Amor e Sorte mostrou que não é só uma “série remota”. É uma série de qualidade.
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