Apesar do incontestável desgaste da franquia The Voice, a aposta da Globo no The Voice+ se revelou acertada. Se não é possível (ao menos por enquanto) abrir mão do formato definitivamente, ao menos há um esforço de trazer algum frescor à fórmula, para que não soe mais do mesmo. E a versão para cantores com mais de 60 anos foi feliz nesta missão.
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Foram muitos os méritos do The Voice+. O principal deles foi celebrar a história da música popular brasileira, sob os mais diferentes olhares. Afinal, boa parte dos participantes são donos de trajetórias grandiosas no cenário musical nacional, e trouxeram ao programa esta imensa bagagem que acumularam.
Por conta disso, o repertório visto em The Voice+ foi acima da média. Grandes clássicos nacionais e internacionais de todos os tempos, e canções atuais em novas roupagens, deram um toque de sofisticação às apresentações.
Além disso, acompanhar as histórias de vida dos participantes trouxe uma nova emoção ao programa. The Voice+ reverenciou a trajetória de artistas que já foram famosos, ou que não chegaram a alcançar a fama, mas tiveram sua importância. Festivaleiros, veteranos da noite e artistas do passado passaram pelo palco e celebraram a boa música.
Por isso, enquanto o The Voice Brasil cansa pelo mais do mesmo, e o The Voice Kids peca pela emoção ensaiada, o The Voice+ surgiu com honestidade e emoção genuína. É a versão da franquia que ainda pode ter grande trajetória. As demais estão deveras surradas.
Zé Alexanddre
Dentre tantos talentos, a vitória de Zé Alexanddre se mostrou uma ode à música popular brasileira. Isso porque o cantor é figurinha carimbada dos Festivais de Música Popular Brasileira que ainda são realizados por todo o país, e que seguem importantes para a manutenção da canção autoral nacional em toda a sua plenitude, seja como valor artístico, seja como ferramenta de legítima manifestação.
Este crítico de TV, há alguns anos, trabalha na assessoria de comunicação de um destes importantes Festivais de MPB, e pode afirmar, com convicção, da importância deste palco para a valorização da canção, da cultura e da arte como identidade e resistência. E Zé Alexanddre (artista que já vi no palco em várias ocasiões) é um legítimo representante deste meio.
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