Banco do Brasil vendeu papel “podre” da Light a clientes

Publicado em 25/06/2024

Banco do Brasil vendeu papel “podre” da Light a seus clientes no início do ano passado.

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    Assim como fez no caso da venda de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) da Zootec, o BB também “empurrou” para clientes um papel “condenado”.

    Em 2021, a Light anunciou a emissão de R$ 850 milhões em  debêntures no mercado.

    Papel podre

    No início do ano passado, o BB foi um dos bancos que colocou à venda os papéis.

    Clientes foram instados pelos gerentes a comprar milhões desses papeis, mas, três meses depois, em maio, a companhia pediu recuperação judicial.

    Os investidores nunca mais receberam nada. A empresa deve mais de R$ 11 bilhões no mercado.

    Papel podre da Zootec

    O Banco do Brasil parece ter um modus operandi nessas operações que prejudicam milhares de clientes.

    Além da Light, o banco  também vendeu papel ‘podre’ da empresa Zootec aos seus clientes, entre outubro do ano passado e fevereiro.

    Foram dezenas de milhões de reais em CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), emitidos pela empresa do grupo Raça Agro.

    Modus operandi

    Três meses após a venda de papeis, o grupo Raça Agro entrou em recuperação extrajudicial e também deu calote nos detentores do papel.

    Após o anúncio de REJ, os clientes ficaram sabendo que apenas 30% do valor investido tem seguro.

    A empresa deve mais de R$ 300 milhões e caminha para a recuperação judicial, ou coisa pior.

    A Zootec fica em Barra do Garças (MT) e produz e vende insumos agropecuários.

    Pertence à família do senador Wellington Fagundes (PL-MT).

    Como funciona

    Os gerentes do BB oferecem os papeis podres a clientes sem informá-los dos riscos.

    No caso da agência Estilo, da avenida Paulista, o gerente ofereceu, inicialmente, um papel com ótima avaliação, da empresa Jalles.

    Tratava-se de uma “debênture incentivada”, e o gerente garantia que era um papel seguro.

    Porém, ele também estimulava os clientes a comprarem outro papel, o da Zootec, mas nesse caso não especificava os riscos embutidos.

    O argumento era que ambos pagavam “1% de dividendos ao mês, além da valorização dos papeis.

    Isso foi em fevereiro.

    Em abril a empresa decretou recuperação extrajudicial. O dinheiro está congelado nas contas e não há data para solução. 

    Fortuna perdida

    Somente na agência Estilo do BB na avenida Paulista, foram vendidos mais de R$ 5 milhões em papéis podres.

    Outro lado

    Procurado para se manifestar sobre a denúncia, a assessoria do Banco do Brasil enviou a seguinte resposta:

    “O BB reafirma posicionamento sobre sua atuação com boa técnica bancária, seguindo o rigor das leis e normativos sobre o tema.

    O BB reitera que, em suas ofertas de produtos de investimentos, observa a Análise de Perfil de Investidor vigente, a aderência e diversidade de carteira de alocação, assim como orienta que todos os clientes analisem os prospectos dos papeis para contratação.

    Reforçamos que o Banco não comenta sobre casos específicos, diante de sigilo bancário e comercial.”

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