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Primeira foto: Milton Filho estreia em novela da Globo após brilhar como travesti no streaming

À coluna, ator renomado no teatro comenta personagem em Fuzuê, nova trama das sete

Publicado em 26/07/2023

Aniversariante desta quarta-feira (26), o ator Milton Filho comemora sua melhor fase no audiovisual. Um dos grandes talentos do teatro musical, estreou em novelas na Record e brilhou como a travesti Alcione na segunda temporada da série Dom, da Amazon Prime Video. O sucesso no streaming lhe rendeu seu primeiro papel na principal vitrine artística brasileira: a Globo. A partir de 14 de agosto, na faixa das sete, ele irá aparecer na TV como Edgar em Fuzuê.

Em entrevista exclusiva à coluna, Milton Filho comenta a expectativa para estrear na Globo após emendar peças premiadas, como As Cangaceiras e Chaves – Um Tributo Musical. Aos 42 anos e de visual novo para Fuzuê, ele agradece à mãe e fã número 1, Dona Tina, e ao cineasta Breno Silveira (1964-2022), que o escolheu para interpretar a chefona do presídio em Dom, personagem que firmou o ator na teledramaturgia.

“Quando não tinha dinheiro da passagem para eu fazer teste para uma peça, Dona Tina pedia no açougue ou na padaria por mim, por acreditar em mim. Não tenho como expressar em palavras o quão sou grato e o quanto quero realizar isso por mim, mas muito mais por ela”, conta Milton Filho, emocionado.

Confira abaixo a primeira foto de Edgar em Fuzuê e leia a entrevista completa com Milton Filho:

Fuzuê

“Faço um núcleo bem legal. Minha tia na novela, Gláucia Corneteira, é a Zezeh Barbosa, então é sinônimo de muitas risadas! Faço o Edgar, garçom que trabalha em um lugar como se fosse a Lapa, no Rio de Janeiro. Ele sempre é o primeiro informante da tia, que é muito fofoqueira, e traz as informações do que aconteceu no bar. Edgar é um cara pessimista, para ele nada vai dar certo. É uma pessoa boa, simpática e amiga de todo mundo, mas sempre vê o lado ruim das coisas pela frustração de não estar no palco. De repente, pode ser que ele realize este sonho na novela”.

Convite da Globo

“A produtora de elenco Frida Richter entrou em contato pedindo um vídeo meu com o texto que ela mandou. Quase dois meses depois, no finalzinho de novembro, eu estava no Mercadão de Madureira fazendo compras para um amigo oculto e soube que havia sido escalado para a novela. Saí largando as compras, chorei pra caramba! Depois voltei e peguei as compras. Foi bem difícil não falar para as pessoas que eu estava na novela, mas havia vários trâmites, não podia ‘furar’ a produção”.

Apoio da mãe

“Só falei mesmo para a minha mãe. Ela retirou a vesícula, e um dia antes da internação ela fez um exame para quebrar o cálculo. Foi quando eu disse que não poderia levá-la ao hospital porque iria à primeira reunião de elenco. Ela está sendo a minha assessora (risos)! O WhatsApp da família só tem isso: ‘Meu filho vai estar na próxima novela!’. Ela manda para todo mundo: ‘Bom dia! Vejam Fuzuê!’. Está muito feliz! Uma felicidade enorme! Isso deu mais força para ela. Aos 73 anos, não imaginava ter que voltar a uma mesa de operação. Eu me lembro dela preocupada no início, quando ficou internada durante 18 dias e não operaram, voltou para casa e depois marcaram, e ela se internou uns 10 dias depois. Pensou muito que não voltaria. Dona Tina é uma mulher que, quando não tinha dinheiro da passagem para eu fazer teste para uma peça, pedia no açougue ou na padaria por mim, por acreditar em mim. Sou muito grato a essa mulher. Não tenho como expressar em palavras o quão sou grato e o quanto quero realizar isso por mim, mas muito mais por ela”.

Dom

“Foi de tamanha importância porque gravamos durante a pandemia. Alcione é uma personagem de destaque, a dona da cadeia. No meio audiovisual, foi realmente uma virada de chave para mim. Depois disso, muita gente passou a me conhecer e olhar mais para o meu trabalho. Começaram a surgir oportunidades, pessoas do meio elogiaram meu trabalho e quiseram ser meus amigos. Vi gente importante me adicionando na rede social e me elogiando por mensagem: ‘Parabéns, adorei vocês em Dom!’. Não tem preço.

Breno Silveira

Um dos testes para Dom era uma conversa com o Breno Silveira. Foi muito emocionante por ter sido com esse gênio, e que vai ser para mim o ponto de virada dentro do cinema, porque a série é cinematográfica. Foi muito importante. ‘Milton, agora depende da Amazon, porque para mim você é minha Alcione’. Quando ouvi isso da boca do Breno, ganhei tudo, mesmo que não acontecesse.

Era janeiro de 2022. Chovia muito. No último dia de gravação, confraternizamos no Rio, em um quiosque em Copacabana. Breno Silveira chega e grita: ‘Minha Alcione! Deixa eu te apresentar para as pessoas!’. E eu estava diferente, com barba. Foi muito emocionante ter uma pessoa tão apaixonada pelo meu trabalho e pelo meu ser artístico como o Breno. Ele se apaixona pelas pessoas, abraça. Ele gritava nas gravações: ‘Excelente!’. Ele amava muito a equipe e todos os atores. Estava junto sempre. Vai fazer muita falta para o audiovisual no Brasil e no mundo.

Depois da segunda temporada, Breno deu uma pausa para rodar um filme com a Fernanda Montenegro, e depois viria para a terceira. Mas ele morreu antes disso. Esta última temporada deve sair no início do ano que vem. Começamos a gravá-la em agosto de 2022. Breno dirigiu e editou a segunda temporada todinha. Agora tivemos dois diretores que sempre estiveram na equipe. O olhar e a mão do Breno estão ali.

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