
Os atores Victor Aguiar e Felipe Miguel tiveram a oportunidade de ser Silvio Santos por um dia no SBT. Eles interpretaram o apresentador quando garoto e no início da vida adulta, respectivamente, em documentário exibido pela emissora no último domingo (8). Em entrevista à coluna, os “Silvios” admitiram surpresa ao assistir na TV ao material produzido seis anos atrás e engavetado por ordem do “patrão”.
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“Eu já tinha até perdido a expectativa com esse trabalho. Achei que não iria mais ao ar, porque se chamava Especial 85 Anos”, conta Victor Aguiar, em referência ao aniversário do dono do SBT em 2015 (em dezembro deste ano, completará 91 anos). “Na época, tínhamos recebido um comunicado da produção de que estava tudo certo para ir ao ar na ‘semana que vem’, e de semana em semana chegamos a 2021. Tinha desistido. Foi uma grata surpresa”, comemora Felipe Miguel.
O documentário, apresentado por Marília Gabriela e dirigido por Leonor Corrêa, ficou engavetado simplesmente porque Silvio detesta homenagens, seja por superstição (sempre cita a história da cartomante que “previu” sua morte se isso acontecesse), seja por não gostar de “puxação de saco”, como brincou ao anunciar o especial em seu programa.
Os atores gravaram em sigilo e precisaram esconder o trabalho para manter a surpresa de aniversário ao dono da emissora. “Fizemos na surdina. Tinha que falar que estava em um teste para novela”, relembra Victor. O “patrão” descobriu quando o documentário estava quase pronto. Ele assistiu a uma cópia em sua casa e gostou da atuação dos “Silvios”, porém vetou a exibição na TV. Curiosamente, mesmo engavetado, Silvio Santos permitiu outras homenagens, como a exposição no MIS (Museu da Imagem e do Som), o musical e uma série para TV paga.
Victor e Felipe representaram as únicas fases da vida de Silvio Santos sem registros em vídeo: o trabalho como camelô no centro do Rio de Janeiro e o início no rádio. A estreia na televisão foi em 1960, com a gincana Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista (posteriormente comprada pela Globo).
Intérprete do adolescente Senor Abravanel, Victor Aguiar recorreu a sessões de fonoaudiologia para engrossar a voz. Na época, o ator e músico tinha 14 anos e se apresentava com seu saxofone no Programa Raul Gil. “Engraçado que quem sabia do documentário me perguntava: ‘Mas fez o ‘Ma oe’?”, brinca ele, atualmente com 21 anos. “Não vi meus concorrentes, mas cheguei com sangue nos olhos, porque tinha feito dois testes para novela e não passei. Fui a caráter e certo de que o papel seria meu.”
Felipe Miguel deu vida a Silvio quando assinou seu primeiro contrato na rádio Nacional, em 1954. Por ter o rosto jovem, conseguiu o papel mesmo com 30 anos. Hoje, aos 36, recorda as centenas de “Silvios” que participaram do teste e a cena em que precisou interpretar até a respiração do “patrão”.
“O Ariel [Moshe, preparador de elenco] disse para eu não me preocupar com a voz, mas com a precisão da fala, porque o Silvio tem uma presença, todos os olhos estão nele. E isso é dele. Na cena mais bonita que eu fiz, dele falando no rádio, mandaram uma página do texto, o áudio, e eu tinha que fazer a voz no mesmo tempo e da mesma forma. Passei dias me matando de trabalhar para poder ficar bonito”, afirma.
O especial, mesmo engavetado, trouxe frutos para a carreira dos dois “Silvios”. Victor Aguiar conseguiu passar em um teste para a novela Haja Coração. Depois, atuou em filmes com Maisa e Larissa Manoela e voltou à Globo nas tramas O Tempo Não Para e A Dona do Pedaço, sua estreia às 21h. Também foi jurado do Canta Comigo Teen ao lado da noiva, Giulia Ayumi, com quem trabalha hoje na série CDB (Condomínio do Barulho).
“Sou muito grato por essa oportunidade até hoje, porque descobri que sopraram meu nome dentro da Globo depois do projeto. Depois do filme do Silvio, minha carreira deslanchou”, celebra Victor.
Felipe Miguel emendou novelas na Record e a série Se Eu Fechar os Olhos Agora, na Globo. Retornou ao SBT em As Aventuras de Poliana. Atualmente, integra o canal de humor Parafernalha (fundado por Felipe Neto).
“Quando volto ao SBT, me chamam de ‘Silvinho’ (risos). Com certeza, esse trabalho foi minha maior conquista na época, porque, além de ter passado por um processo seletivo com centenas de atores, ainda era dentro da emissora do Silvio, a maior figura da história da televisão brasileira. conta Felipe.
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