PEGOU MAL

Depois do primeiro beijo gay, ator reclama por papeis “héteros brancos”

Considerada preconceituosa, declaração provoca reação

Publicado em 05/09/2024

O comentário feito pelo ator Thiago Fragoso sobre a suposta falta de papéis para “héteros brancos” não repercutiu nada bem. Está provocando reações de lideranças de movimentos raciais, LGBTQIA+ e de colegas e diretores da própria Globo.

O ator lamenta estar fora do elenco fixo da empresa desde julho do ano passado, esquecendo-se de contextualizar que a emissora tem cancelado praticamente todos as contratações por longo prazo refazendo apenas contratos por obra. Diante disso, muitos atores de destaque estão há mais tempo fora do ar do que ele.

Além disso, sua declaração vai na contramão da luta ainda inglória por garantir espaços nas novelas para negros e segmentos LGBTQIA+, como pessoas trans. Embora alguns atores tenham rompido essa barreira recentemente, é uma questão estatística. Suas presenças na dramaturgia ainda estão em proporção bem menor do que a realidade da nossa sociedade.

Curiosamente, um dos maiores destaques da carreira de Fragoso foi interpretando Niko, que namorou o vilão Félix- vivido por Matheus Solano – em Amor à Vida, sendo o casal responsável pelo primeiro beijo entre dois homens nas novelas globais em cena antológica escrita por Walcyr Carrasco, em 2014.

Embora talvez não tenha sido sua intenção, a fala soou como vitimização pela perda de um espaço privilegiado de um perfil que ainda domina os elencos. Esse ressentimento surge no momento em que se inicia uma maior democratização étnica e de diversidade, que, por sinal, ainda está muito longe de ser equitativa.