Saia Justa

Rita Batista reflete sobre Marlene Mattos e as controvérsias em torno das Paquitas

Apresentadora questionou a liderança de Marlene Mattos e os impactos do sistema nas vidas das Paquitas

Publicado em 19/09/2024

No episódio mais recente do Saia Justa, que foi ao ar ontem (18), duas ex-Paquitas, Ana Paula Guimarães (que também é diretora do documentário Para Sempre Paquitas) e Andrea Veiga, a primeira Paquita, se juntaram à mesa para discutir o impacto do grupo e os bastidores de sua experiência.

Durante a conversa, a apresentadora Rita Batista trouxe à tona um assunto que tem sido muito discutido pelos fãs: o papel de Marlene Mattos, que muitos consideram essencial para o sucesso das Paquitas e da carreira de Xuxa.

Rita Batista iniciou sua fala refletindo sobre como, ao descobrir que Marlene era uma mulher preta, nordestina e gay, ela se surpreendeu ao perceber o quanto a diretora estava à frente de várias responsabilidades. “Quando eu descobri que Marlene era quem coordenava tudo, desde os programas até a carreira internacional da Xuxa, eu pensei: essa mulher é que manda no negócio mesmo. Para fazer o que ela fazia naquela época, ela tinha que ser daquele jeito, senão seria engolida”, comentou Rita.

Ana Paula Guimarães aproveitou a oportunidade para ponderar que, embora Marlene fosse uma figura essencial e uma liderança forte, algumas de suas atitudes se tornaram abusivas com o tempo. “O poder que ela tinha começou a ser usado de forma opressiva”, afirmou Ana Paula, destacando que, apesar de Marlene ter dado muitas oportunidades, algumas de suas exigências, especialmente estéticas, eram extremamente rigorosas, o que pesava sobre as meninas, muitas delas ainda crianças.

Andrea Veiga trouxe sua perspectiva pessoal sobre Marlene, lembrando de momentos de apoio e oportunidades que recebeu da diretora, como o fato de Marlene ter pagado sua faculdade de jornalismo. “Comigo, a relação foi muito boa. Ela me deu várias oportunidades e me ajudou a seguir a carreira de jornalista”, contou Andrea, destacando que sua experiência foi diferente das meninas que vieram depois.

Ainda assim, a discussão deixou claro que o legado de Marlene é complexo e cheio de nuances, com momentos de generosidade e situações de grande pressão e controle.

O programa também abordou a falta de supervisão por parte dos pais e as longas horas de trabalho das Paquitas, o que levou Rita Batista a questionar o sistema da época: “Muitas coisas eram permitidas naquela época, e hoje, olhando para trás, percebemos o quanto precisamos reavaliar o que era considerado normal.”

Durante a conversa, Rita Batista trouxe uma questão que costuma ser levantada por muitos: onde estavam as mães das Paquitas enquanto elas trabalhavam tantas horas e enfrentavam situações difíceis? “As mães não viam?”, questionou Rita.

Ana Paula Guimarães respondeu: “Pois é. Todo mundo pergunta onde estavam essas mães. Aí você mistura a coisa da realidade, expectativa e o sonho. Você sonha em estar naquele lugar. E é bom. Quando acendiam as luzes e vinha aquela energia… é um sonho, é uma magia, mas nos bastidores a realidade era outra.”

Andrea Veiga comentou que, apesar das dificuldades, muitas das situações que as Paquitas viviam nos bastidores não eram compartilhadas com os pais. “Era um sonho, que se a gente contasse para os nossos pais que a gente passava por isso…” disse ela, deixando implícito que, se os pais soubessem de tudo o que acontecia, poderiam acabar com o sonho das filhas de participar daquele universo encantado.

O debate sobre Marlene Mattos foi conduzido com muito cuidado, sem cair em acusações simplistas. A conversa trouxe à tona a complexidade da figura de Marlene, ressaltando que, além das críticas, ela também abriu portas para muitas das meninas, mesmo em um contexto extremamente exigente e complicado.