Asa Branca

Roque Santeiro é a substituta de A Viagem na faixa do meio-dia do VIVA

Novela escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva estreia no dia 4 de novembro

Publicado em 02/10/2024

Um dos maiores fenômenos de audiência e repercussão da história da televisão brasileira, a novela Roque Santeiro vai ganhar uma nova exibição em breve: informa a jornalista Anna Luiza Santiago na Coluna Play, do jornal O Globo, que a partir do dia 4 de novembro a produção que parou o Brasil entre junho de 1985 e fevereiro de 1986 será reprisada pelo Canal VIVA, na faixa do meio-dia, atualmente ocupada por A Viagem (1994), de Ivani Ribeiro.

O canal pago da Globo já reprisou a novela de Dias Gomes, escrita também por Aguinaldo Silva, em 2011-2012, e agora a escala novamente para sua programação. Na exibição original, a média geral de ibope de Roque Santeiro chegou a 78% no Rio de Janeiro e 74% em São Paulo, conforme dados do livro ‘Telenovela: história e produção’, de Renato Ortiz, Silvia Helena Simões Borelli e José Mário Ortiz Ramos (Brasiliense, 1989).

As fontes divergem um pouco, uma vez que Boni em seu ‘O livro do Boni’ (Casa da Palavra, 2011) fala numa média de 67% nos 209 capítulos da novela. Em todo caso, a história passada na fictícia Asa Branca, que vive em torno do mito de Roque Santeiro, que teria morrido ao defender a cidade de um bando de ladrões, sempre desponta entre os maiores êxitos de audiência da nossa TV.

Porcina e Sinhozinho Malta em Roque Santeiro
Porcina (Regina Duarte) e Sinhozinho Malta (Lima Duarte) em Roque Santeiro (Divulgação)

A tranquilidade do cotidiano asa-branquense é tumultuada pela chegada de Luís Roque Duarte (José Wilker), que não é outro senão o próprio Roque Santeiro, mais vivo do que nunca. Em vez do herói cultuado a ponto de virar estátua na praça da Matriz, devido a sua interferência na cura de diversas doenças dos romeiros que acorrem à cidade, ele na verdade é um malandro que roubou uma peça valiosa da igreja e sumiu.

Evidentemente a volta de Roque não convém nem um pouco aos poderosos locais. O fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte), de casamento marcado com Porcina (Regina Duarte), a esfuziante viúva do santo – embora os dois nunca tenham sequer se visto até ali e tudo não passasse de uma mentira em cima da outra -, o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bogus) – que, como o apelido entrega, progride com a venda de suvenires do herói – e o Padre Hipólito (Paulo Gracindo) se veem às voltas com um problemão. Afinal, do mito de Roque Santeiro depende a cidade.

A partir dessa ideia central, os autores desenvolvem um enredo de sátira política, crítica social e de costumes, discussões sobre a religião e a exploração da fé do povo, numa novela que falou diretamente ao Brasil dos primeiros tempos da chamada Nova República, após duas décadas de ditadura militar. Ditadura esta que, 10 anos antes, havia proibido a exibição da mesma Roque Santeiro no dia da estreia, na ocasião com mais de 30 capítulos já gravados.

Fazendo jus ao nome da sessão vespertina da TV Globo, que virou sinônimo de reprises de novelas, vale a pena ver de novo um dos maiores clássicos da nossa teledramaturgia, que ainda estará no ar quando a emissora completar 60 anos, em abril do ano que vem.