Você sabia que Chico Teixeira estreou como ator na novela Pantanal? Na verdade, ele é músico profissional com carreira consolidada. Agora, na trama adaptada por Bruno Luperi, ele interpreta o peão e violeiro Quim.
Veja também:
Quim, na primeira versão de Pantanal, exibida em 1990, foi interpretado pelo ator já aposentado Ewerton de Castro. Agora, vivido por Chico Teixeira, o personagem ganha novos aspectos. Um deles é a música, que na edição antiga não existia em seu dia a dia.
Desse modo, Chico garante a chance de mostrar seu talento e ainda ficar mais à vontade dentro da persona. Fora isso, o músico também terá outra semelhança com Quim: a proximidade com o Pantanal, região que conhece desde a sua adolescência.
Pai famoso e irmã também em Pantanal
O que muita gente não sabe também é que Chico Teixeira é filho do célebre cantor e compositor Renato Teixeira, conhecido por suas canções regionais.
Renato é do mesmo nicho que Sergio Reis, que esteve na versão de Pantanal em 1990, e Almir Sater, que compõe o elenco das duas edições da novela.
Além do pai famoso, Chico Teixeira tem como colega de elenco a sua própria irmã, Isabel Teixeira, atriz que viverá Maria Bruaca, mulher do vilão Tenório (Murilo Benício) na segunda fase da novela.
Em entrevista, o cantor e agora ator expõe como é o seu primeiro papel em novelas, como foram as gravações e demais detalhes. Acompanhe!
Qual sua relação com o Pantanal?
Eu fui para lá em 1993 ou 1994, tinha 13 ou 14 anos. Mudou a minha vida. Fui para passar 15 dias, passei dois meses.
O Almir (Sater) numa tarde pediu para eu fazer uma base para ele estudar um solo de viola, e eu voltei tocando para São Paulo, destravei na música. Eu sabia tocar um ou outro acorde antes. E fui algumas vezes depois ainda. Eu e Gabriel (Sater) fomos criados como irmãos.
Nessa primeira ida ao Pantanal meu pai foi junto. Depois ia eu e Gabriel, eu ia passar férias no Pantanal, ele em São Paulo.
Depois fui algumas outras vezes, tenho lindas histórias, era um encontro comigo mesmo, energizar para cumprir o ano. Olhar o céu estrelado no meio do Pantanal, o banho de rio, tudo isso me marcou. Fui algumas vezes para Campo Grande também, tenho muitos amigos na região.
Como foi receber o convite para fazer essa novela?
Primeiro foi uma surpresa para mim, eu venho da área da música, de pesquisa, sou compositor também, passei a fazer um trabalho de pesquisa sobre a música do interior, canções antigas, da época do folclore.
O convite apareceu de forma inusitada. De cara eu estranhei. Mas depois pensando e sentindo eu achei que seria capaz de compor esse desafio e decidi aceitar.
Fui bem acolhido por grandes atores, pessoas que admiro demais, aprendo muito com eles. Estou tendo um acolhimento lindo de toda a equipe. A gente começou trabalhando num lugar onde a logística é difícil, embora tenha toda a beleza.
Vamos contar uma história que também vai trazer a conscientização das pessoas sobre a importância de preservar nossos biomas para termos uma sociedade saudável. Uma floresta pulsando é pulsar saúde na sociedade.
Quais as dificuldades que você encontrou durante as gravações?
Eu cheguei no Pantanal alguns dias antes por causa do isolamento. Eu estava realmente muito ansioso porque é meu primeiro trabalho como ator.
O Papinha (o diretor Rogério Gomes) me deixou muito confortável. Meus parceiros de cena também, criamos um laço muito bonito, de amizade. Estou aprendendo muito, observando, escutando.
Quando ouvi o primeiro “gravando”, pensei comigo “que horas eu falo?” (risos). Aí entra a generosidade dos parceiros. Irandhir (Santos) deu uma piscada de olho que indicou que era a hora. E aí eu soltei a la, foi tudo bem, bem natural.
Toda comitiva tem um violeiro, um músico, eu me sinto confortável e capaz de cumprir essa missão. Estou no meu oitavo disco. Na primeira versão o Quim não cantava. Fizeram uma adaptação para trazer música a ele. Eu fiquei muito feliz em trazer a música para o enredo todo.
Como é sua relação com a natureza?
Eu moro na maior floresta urbana do mundo, que é a Serra da Cantareira. Lá perto de casa aparece até onça parda, tem uma natureza muito rica ali.
Então, é um ambiente muito natural para mim, meu habitat, me sinto em casa. Infelizmente, não temos coleta seletiva onde moro, nem mesmo saneamento básico. Nossa sociedade precisar evoluir muito ainda. Mas a Cantareira é um belo local.
Sobre o Quim, quem é ele?
É um peão que vai representar esses caras da lida, que têm muita força, têm uma vida sofrida, embaixo de sol, com enchente, com seca.
Tem muita energia nas ações dos peões pantaneiros. Eles têm também uma certa tranquilidade de observar a vida de uma outra forma, em outro tempo, outro ritmo. Acho isso muito bonito. Poder trazer a música para esse peão é um privilégio. E mostrar fundamentalmente uma história de amizade muito bonita.
O Tião (Fábio Neppo) é o irmão da vida do Quim, essa é uma história muito bonita, num momento em que a sociedade está tão dividida, mostrar uma relação de união e de afeto é muito importante. O senso de humor do peão pantaneiro também está presente no Quim e no Tião. Viemos com um ar de leveza a essa trama.
Confira também: Almir Sater e mais: conheça os quatro músicos do elenco de Pantanal
Leia outros textos desta colunista.