Ao assistir Toda Família Tem, é fácil identificar semelhanças com séries como Todo Mundo Odeia o Chris e Um Maluco No Pedaço. O lançamento, disponível no Prime Video desde a sexta-feira (12), tem nas sitcons norte-americanas uma influência clara, mas é um produto bem brasileiro.
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Com sete episódios já disponíveis na plataforma de streaming, a comédia conta a história de Pê, um jovem de 19 anos que enfrenta uma mudança repentina de vida. Após o padrasto ficar desempregado, ele e a família retornam para a casa da avó, no Rio de Janeiro, deixando para trás os dias de “playboy” em São Paulo.
Além de interpretar o protagonista, Pedro Ottoni é um dos criadores da série, ao lado de Mariana Veil e Jonathan Haagensen, assinando também como roteirista e produtor executivo. Ele iniciou a carreira produzindo conteúdo para a internet, chamou a atenção de produtores e, desde então, vem ganhando destaque no streaming, atuando em séries como A Sogra Que Te Pariu e Sem Filtro.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, Pedro revelou que muito do que ocorre na trama de Toda Família Tem é baseado em suas vivências pessoais. ‘Acho que tem uns 70% meu. Quando comecei a escrever, no meio da pandemia, pensei que um personagem interessante teria muitos defeitos. Então, parei para observar os meus e acabei colocando no roteiro tudo aquilo que reclamam de mim dentro de casa’, contou.
Na série, a Família Silva é liderada pela matriarca Vó Geni (Solange Couto). Ela é mãe de Deise (Maíra Azevedo), casada com Jorge (Érico Brás) e mãe de Pê, Pietra (Betânia Campos), Paty (Gabriela Dias) e PH (Ramon Francisco), mais velho dos irmãos, que é pai de Marcelinho (Caíque Ivo). O elenco traz ainda nomes como Duda Pimenta, Sérgio Loroza, Pedro Novaes, Zezé Motta e Anderson Muller.
Cris D’Amato e Yasmin Thayná, que ficaram responsáveis pela direção da comédia, tiveram a tarefa de entrelaçar as referências já delimitadas pela dramaturgia a outras escolhidas por elas. ‘O que recebemos dos criadores já bebia na fonte desses sitcons que a gente assistia na hora do almoço, chegando da escola, e que traziam um conteúdo afirmativo bem diferente do que víamos na TV brasileira. Complementamos isso referenciando esteticamente o Spike Lee e pensando uma fotografia que pudesse trazer um pouco mais de elemento solar para essa família’, detalhou Yasmin.
Para Maíra Azevedo, mais conhecida nas redes sociais como Tia Má, Toda Família Tem já nasce fazendo história no audiovisual brasileiro. ‘É uma série que tem gente preta na frente e atrás das câmeras. Por muito tempo, parecia que famílias como a minha não existiam. Não se fala sobre isso na série, mas só a nossa presença já diz muita coisa. Eu acho que é importante, às vezes, a gente dar o recado sem dizer nada’, observou.
Érico Brás chama atenção para a forma leve com a qual a série trata de assuntos importantes. ‘A série tem o compromisso de mostrar o que é ser uma família brasileira, independentemente de preta ou branca. Não é à toa que o título. São situações que todas as famílias vão se identificar’, apontou.
Solange Couto ressalta a boa convivência entre atores e atrizes de diferentes gerações. ‘As crianças [Caíque Ivo e Betânia Campos] eram absurdamente talentosas. Elas encaixavam o tempo delas no da gente, sem que a gente precisasse se preocupar. Tenho 68 anos. Era a mais velha no elenco e com mais tempo de carreira, mas estava ali aprendendo com aquela porcaria de moleque sem vergonha [risos]. Foi maravilhoso’, relembrou.