Cocriador de Invasão, nova série de ficção científica do streaming Apple TV+, Simon Kinberg foi ousado ao comparar a atração novata com This Is Us, produção premiada e famosa pela trama chororô e emotiva apresentada eficientemente. A pergunta de um milhão de dólares é: houve exagero nesse nivelamento?
Veja também:
A equiparação feita por Kinberg se restringe aos personagens de Invasão. Em entrevista ao site CBR, ele argumentou que o coração da trama são os personagens, e não a invasão alienígena na Terra ou os efeitos especiais.
“Eu procurei fazer com que as histórias deles, as crises pelas quais passam e os dramas sejam interessantes o suficiente para que se This Is Us fosse formada por esses personagens, você estaria assistindo.“
No caso, são cinco as pessoas principais retratadas no enredo. Elas estão espalhadas pelo mundo, dos Estados Unidos ao Japão, e encaram de forma diferente a invasão de extraterrestres no planeta azul. A ideia é conectá-las emocionalmente com a audiência.
É para chorar (mas de raiva)
Invasão estreou os primeiros três episódios na última sexta-feira (22) –capítulos inéditos chegam sempre às sextas. Por mais que o telespectador insista, a série não pega no tranco nesse começo. E três episódios são mais suficientes para atrair (ou afastar) o público.
A série chama-se Invasão, carregando no nome um ataque de aliens. Mas se tem uma coisa que o drama não mostra nos três episódios é a tal da invasão.
Tudo bem os personagens ficarem confusos experimentando um acontecimento tão surreal. Nessa parte a série acerta, pois as trapalhadas dos sobreviventes são todas compreensíveis. Se a falta a luz (energia ou força, dependendo da região onde você mora) deixa a gente perdido, imagina com seria presenciar uma investida de seres extraterrestres?
Porém, Invasão é um programa de entretenimento. O mínimo exigido é oferecer ao telespectador alguns motivos acerca da principal premissa da série, exibindo assim uma contextualização. Na maioria do tempo, os fenômenos ocorridos parecem ser apenas coisas pitorescas, não de outro mundo (literalmente).
Nessa aplicação aos personagens, a série demora muito tempo nas histórias, esquecendo o significado de dinamismo. E olha que são só cinco pessoas a serem acompanhadas. Lá para o terceiro episódio, uma delas ganha tão pouco tempo de tela que se torna até esquecível.
Os personagens
Uma das ideias de Invasão é mostrar como pessoas de idades, classes sociais e lugares distintos se comportam no meio de eventos sobrenaturais. No interior dos Estados Unidos (Oklahoma), o xerife John Bell Tyson (Sam Neill) vive o último dia antes de se aposentar quando vê um buraco no meio de um milharal.
Enquanto isso, em um bairro nobre em Long Island (Estado de Nova York), uma família está prestes a ruir após a mulher, Aneesha Malik (Golshifteh Farahani), descobrir a traição do marido, Ahmed (Firas Nassar).
Na Inglaterra, o garoto Casper Morrow (Billy Barret) sofre bulling. O soldado americano Trevante Ward (Shamier Anderson) perde colegas de batalha em uma tempestade de areia. E a japonesa Mitsuki (Shioli Kutsuna) trabalha na Jasa, a Nasa do Japão, em uma missão que leva três pessoas para o Espaço.
Esses personagens não causam comoção, e sim raiva. Nenhuma das histórias foi apresentada com um grande apelo (talvez a da Mitsuki seja a mais interessante). Invasão peca no que This Is Us fez melhor: cativar a audiência logo no primeiro episódio.
A série da Apple tem três capítulos na conta. E até agora nenhuma lágrima genuína rolou por causa da emoção. Já os punhos cerrados de raiva são incontáveis.
Siga o Observatório de Séries nas redes sociais:
Facebook: ObservatorioSeries
Twitter: @obsdeseries