No centro do Rio de Janeiro, dia 23 de julho de 1993, às proximidades da Igreja da Candelária, oito crianças e adolescentes em situação de rua foram assassinados a tiros enquanto dormiam na calçada. Eles foram vítimas da brutalidade de três policiais militares e um ex-PM.
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31 anos depois desse massacre, a Netflix lança Os Quatro da Candelária, uma minissérie que revisita essa tragédia, misturando elementos ficcionais com cenas baseadas em relatos dos verdadeiros sobreviventes.
Criada por Luis Lomenha, Os Quatro da Candelária apresenta um olhar sensível e humanizado sobre as vidas de quatro crianças que viviam nas ruas e foram afetadas pelo massacre, mas sobreviveram. Os protagonistas, Jesus (Andrei Marques), Douglas (Samuel Silva), Sete (Patrick Congo) e Pipoca (Wendy Queiroz), são acompanhados ao longo das 36 horas que antecederam o crime, explorando a vulnerabilidade e os desafios de suas vidas.
Composta por quatro episódios, a minissérie dedica cada capítulo a um personagem, explorando as perspectivas individuais e a jornada da criança. A narrativa começa com o ponto de vista de Douglas, seguido por Sete, Pipoca e, finalmente, Jesus. Conforme os episódios avançam, a tensão ao redor da Candelária se intensifica, até chegar no desfecho trágico.
Lomenha buscou afastar a narrativa da violência explícita, optando por um retrato que prioriza a dignidade e os sonhos dessas crianças. Dessa forma, Os Quatro da Candelária se concentra mais nas histórias de vida de seus personagens do que no evento traumático em si.
Ao decorrer da série, a produção não deixa explicito o ocorrido com os sobreviventes, mas encerra o último episódio com um informativo que contextualiza o ocorrido e revela o destino deles.
Os Quatro da Candelária é um registro doloroso que resgata a memória de uma tragédia, buscando trazer consciência e humanidade a uma história que o Brasil não deve esquecer.
*Texto originalmente publicado no portal AdoroCinema