A felicidade dos outros incomoda. Eis aí uma explicação para entender a raiz de tanto ódio proferido contra a série Emily em Paris, cuja segunda temporada estreou na Netflix na última quarta-feira (22). A comédia áurea do escapismo na pandemia provoca uma fúria em quem não aguenta ver uma pessoa de bem com a vida, que usa o celular para tirar fotos ao invés de militar em debates vazios nas redes sociais.
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Os críticos de Emily em Paris, ao apontarem a superficialidade da narrativa como ponto negativo, perdem uma argumentação razoável. Isso porque a comédia jamais teve a pretensão de ser um divisor de águas no debate social, feminista ou político. Ela é bobinha mesmo e é justamente isso que a faz especial.
Cada um no seu quadrado
No cotidiano, é comum se deparar com um tipo de pessoa, dentro de casa ou no círculo de amigos, que quer te transformar em aquilo que você não é. Pedem para ser mais consciente, agir assim, se comportar assado…
É o mesmo fenômeno disparado contra a Emily, vivida por Lily Collins, desejando que ela seja outra pessoa que não a artificial influencer e marqueteira de luxo.
Toda série tem um propósito. O de Emily em Paris é desconectar o telespectador da dura realidade e levá-lo a um mundo quase fantástico, rodeado de paisagens estonteantes e um monte de gente bonita. A história é simples, sem precisar pensar muito, ideal para assistirmos enquanto lavamos a louça, fazemos as unhas ou arrumamos o quarto.
Dentro desse contexto, Emily em Paris não tem defeitos. Ela entrega o prometido, uma série gostosinha de ver, relax. Por que cobram dela uma coisa que não é capaz de oferecer?
Narrativas cabeçudas têm aos montes por aí, e são excelentes de serem assistidas e discutidas. Daí entra Emily em Paris com a pausa necessária, inserindo a leveza para balancear outras atrações mais densas.
Fora a desconexão com a realidade nua e crua, Emily em Paris deixa os críticos p* da vida por abraçar essa identidade descompromissada tipo Sessão da Tarde. Quer vê-los endoidar de vez? Lembre que a série foi indicada ao Globo de Ouro e ao Emmy na categoria melhor comédia…
A série da Netflix é o símbolo do hate watch, quando a pessoa só vê alguma coisa para falar mal, como se determinado discurso a fizesse intelectualmente superior às demais.
Deixe Emily em paz em Paris! Que ela curta a vida com as amigas, aproveite o trabalho de luxo, vista-se como um ícone da moda e curta o melhor da capital da França cortejada por homens encantadores.
Enquanto a assistimos em uma sala apertada, usando a combinação básica camisa-short-chinelo, em um apartamento de 30m², com a poluição barulhenta da cidade grande de trilha sonora ao fundo. O que mais necessitamos é de um escapismo para aliviar a mente.
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