De acordo com a coluna de André Zuliani, do portal Omelete, filmes de super-herói praticamente dominaram o cinema e a cultura pop desde 2008, quando o Marvel Studios lançou Homem de Ferro e deu início ao universo compartilhado mundialmente conhecido como MCU. O sucesso da aposta fez com que a DC, sua principal rival, apostasse em seu universo próprio. Ambos os estúdios intercalaram erros e acertos nestas quase duas décadas, e a produção excessiva de projetos, além de outras questões, trouxeram (muitos) problemas nos bastidores. São justamente esses problemas que ganham holofotes em A Franquia, nova série de comédia da HBO.
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A série criada por Sam Mendes (007: Operação Skyfall) e Jon Brown (Veep, Succession) explora os desafios de encontrar novos elementos para analisar não apenas dentro do universo de heróis, mas também de tudo que envolve os bastidores da produção cinematográfica destes filmes. Mudanças de roteiro, escalações repentinas de atores convidados e até o famigerado “hate” dos fãs quando os estúdios buscam dar voz a personagens femininas.
Para ilustrar a realidade caótica dos bastidores deste mundo, A Franquia coloca no centro da história pessoas que, na vida real, ganham muito menos destaque do que atores e diretores. Daniel (Himesh Patel) é o primeiro assistente de direção do longa Tecto, um filme sobre um super-herói que pode causar terremotos, que serve como spin-off de uma franquia como o MCU. Ele tenta desesperadamente evitar que a produção sofra com problemas, seja pelo ego de seus atores, invenções malucas do diretor Eric (Daniel Brühl) e constantes intromissões do todo-poderoso executivo do estúdio (Darren Goldstein, que interpreta uma versão debochada de Kevin Feige).
Por mais absurdo que pareçam os problemas encontrados na produção de Tecto, muitas destas histórias foram inspiradas em questões reais descobertas pelos produtores enquanto desenvolviam o roteiro de A Franquia. O tom debochado do texto de Brown, que lidera a equipe criativa como showrunner, se encaixa perfeitamente com a performance de seu elenco, que dá leveza ao humor característico de produções recentes como Ted Lasso e Abbott Elementary. Mesmo que Patel seja o protagonista, nomes como Aya Cash, Billy Magnussen e Richard E. Grant brilham em versões caricatas de produtores e atores cujo único objetivo parece satisfazer suas próprias necessidades.
É curioso que a série seja desenvolvida pela HBO, que assim como o DC Studios, faz parte do conglomerado Warner Bros. Discovery. Muito desse caos retratado em A Franquia aconteceu justamente no “quintal” da série, já que o antigo universo compartilhado da DC foi o que mais sofreu com escolhas equivocadas e alterações criativas no último minuto. Uma prova de que saber rir de si mesmo, muitas vezes, é o melhor remédio.
O primeiro episódio de A Franquia estreia neste domingo (6), às 23h, na HBO e na Max. Um novo episódio será exibido semanalmente, sempre aos domingos, até 24 de novembro.