Nesta sexta-feira (10), a TV Globo exibe a homenagem à atriz Zezé Motta, de 79 anos, que ganhou um episódio na série documental Tributo, celebrando suas mais de cinco décadas de carreira na dramaturgia. Eternizada como Xica da Silva, a protagonista do filme homônimo de Cacá Diegues lançado em 1976, ela reconhece que a película é um divisor de águas em sua carreira, projetando o seu nome em todo o mundo.
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“Sempre falo que chegar aos 78 anos tem essa vantagem: há muita história para contar”, comenta Zezé, cuja vocação artística se manifestou ainda na pré-adolescência. Na sua festa de formatura, o acaso foi providencial, já que uma pessoa da plateia, encantada por seu desempenho, lhe presenteou com uma bolsa para o Tablado, tradicional curso de teatro.
No programa, Zezé relembra com carinho pessoas que foram cruciais para a sua trajetória, como a comadre Marília Pêra, que foi quem sugeriu seu nome artístico. Já Moraes Moreira, Rita Lee e Roberto de Carvalho foram alguns dos nomes que contribuíram para impulsionar a sua carreira de cantora. Junto com o marido, a rainha do rock assinou Muito Prazer, Zezé, canção que faz parte de seu álbum de estreia.
Até conquistar destaque, porém, Zezé precisou contornar uma série de adversidades. Da fiscalização dos censores da ditadura às críticas pela falta de pudor ao mostrar seu corpo. Mas o que mais a incomodou, ao longo de várias décadas, foi o pouco espaço para artistas negros. “Quando as coisas deram certo para mim, eu comecei a olhar em volta e falei: ‘cadê todo mundo?’ Éramos realmente meia dúzia de atores negros em cena e havia um revezamento. Quando a Neusa Borges estava em cena, não tinha lugar para mim, pois éramos contemporâneas. Quando a Chica Xavier estava em cena, não tinha lugar para a Ruth de Souza”, lamenta Zezé, que criou um banco de dados para atores negros.
A atuação dela em prol do protagonismo negro é destacada por colegas como Antonio Pitanga, Camila Pitanga, Sheron Menezzes, Luís Miranda, Elisa Lucinda, Rita Batista, Léa Garcia, entre outros, além do diretor Cacá Diegues.
Tributo é uma série original Globoplay com redação de Isadora Wilkinson e Lalo Homrich, direção artística de Antonia Prado, direção de Matheus Malafaia e direção de gênero de Mariano Boni.