
O remake de Vale Tudo tem chamado a atenção da Internet por causa do ambicioso projeto de remontar uma novela icônica. A adaptação está sob responsabilidade de Manuela Dias, autora premiada no Emmy International pela série Justiça. Mas sua entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta segunda-feira (14) levanta mais dúvidas do que certezas.
Veja também:
Pela segunda vez desde o anúncio do projeto, alguém da equipe vai a público tentar acalmar os ânimos. Taís Araújo, que fará o papel de Raquel, argumentou que Vale Tudo não pode ser um remake, mas uma adaptação.
Em tom semelhante, Aguinaldo Silva (um dos autores do original) reajustou as expectativas com um alerta. Segundo o dramaturgo, Odete Roitman seria vista hoje em dia como uma aberração.
Em sua entrevista exclusiva à Folha, a autora escolhida pela TV Globo seguiu o mesmo caminho. Em meio à repercussão sobre a homenagem, a emissora corre atrás de manejar as expectativas da audiência numa estratégia de contigência de danos.
Manuela Dias foi categórica ao afastar o remake da versão de 1988. “Quem quer ver Beatriz Segall como Odete pode ver no Globoplay. Não faz sentido mimetizar o original”, opina a autora.
Odete Roitman parece centralizar o grosso das expectativas da mídia e do público com a nova adaptação. A vilã da trama original representou a rigidez preconceituosa de uma elite corrupta, e Manuela Dias faz questão de deixá-la para trás.

“Me interesso por um Brasil mais unido e busco isso”, disse a dramaturga. A meta do projeto Vale Tudo 2025, segundo ela, está voltada a um enredo mais construtivista. Além disso, a escritora também declarou que a história trata não de sociedade, mas sim da aposta entre uma mãe e uma filha – Raquel e Maria de Fátima (Bella Campos) – para ver quem se dá bem na vida usando de bons e maus expedientes.
Em vias de contenção dos danos que a palavra “remake” gerou no público, Manuela parece querer afastar a noção de que sua obra será tão crítica e ousada quanto a original.
O resgate de Vale Tudo talvez não seja uma estratégia para falar com o próprio tempo através das lentes do passado. A TV Globo, que fará 60 anos em 2025, retoma seus produtos de sucesso como estratégia de apelo à nostalgia. Resta saber se Vale Tudo será um debate oportuno ou uma tática oportunista.