
Já é 31 de dezembro e mais um ano está prestes a começar. Não há muito tempo, o início do primeiro mês do ano era marcado por minisséries épicas na televisão brasileira.
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Algumas marcaram mais do que outras, mas todas eram muito esperadas pelo telespectador. Primeiro, porque eram um grande investimento nos departamentos técnico e artístico, e, depois, pelos grandes roteiros desenvolvidos por renomados autores.
Uma bem contada trama que foi um sucesso de público e até de crítica, e que vamos relembrar no Vale a Pena de hoje, é JK, a minissérie da Globo que contou a trajetória de um dos políticos mais controversos da história da República: Juscelino Kubitschek. Você se lembra? A trama estreou logo no comecinho do ano de 2006, em 3 de janeiro.
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Produzida em 47 episódios, escrita por Maria Adelaide Amaral e dirigida por Dennis Carvalho, JK contou com importantes atores do elenco da emissora carioca. Entre eles, Marília Pêra, Débora Falabella, Letícia Sabatella, Cássia Kis Magro, além dos protagonistas José Wilker e Wagner Moura. Wilker e Moura interpretaram o mesmo personagem, Juscelino, em fases distintas. Ambos foram elogiados pelo desempenho.
A trama toda começa ainda na infância de JK e vai justificando o seu processo de entrada na política e sua veia progressista. De fato, são mais duas fases, além dessa primeira: o período na faculdade de medicina e a entrada no universo da política. Para contar toda essa história, o roteiro incluiu cenas em cidades histórias do país, como Belo Horizonte, Tiradentes e Diamantina, em Minas Gerais; Santos, em São Paulo; e, claro, Brasília, no Distrito Federal.
Assista, aqui, o começo da minissérie, que se utiliza do recurso de flashback, por meio das memórias de Juscelino, já interpretado por José Wilker.
Além de todo o texto baseado em fatos reais, houve também a inserção de personagens fictícios para incrementar o folhetim. Apesar de se aproximar do que hoje é chamado pela indústria internacional de “biossérie” (minisséries biográficas), o roteiro não precisa ficar tão preso à realidade e pode apresentar necessários recursos dramatúrgicos.
Vamos relembrar a sequência em que Sarah, personagem de Marília Pêra, descobre a traição de seu marido Juscelino com Marisa (Letícia Sabatella), por meio de cartas. Inconformada, ela vai tirar satisfação com o protagonista. A cena, simples, folhetinesca e memorável, é do último capítulo.
https://www.youtube.com/watch?v=2LCOpCrLkYk
Por falar em Marisa, uma das cenas comoventes da minissérie, que não necessariamente tem a interferência do protagonista, é feita por ela e Jorge Sampaio, interpretado por Hugo Carvana. Marisa se casa com ele achando que o casamento não será consumado na cama. Ardiloso, ela a estupra, mas, antes, dispara uma frase fortíssima: “Eu vou violar você, entendeu?”. Assista.

Pouca gente se recorda, mas Marco Ricca fez uma participação em JK e viveu um personagem curioso e emblemático. Ninguém mais, ninguém menos que Roberto Marinho, o fundador do Grupo Globo, produtor e exibidor da minissérie. O papel tem sua relevância e mostra timidamente a influência que o magnata, que morreu em 2003, tinha nos bastidores do poder, inclusive, em certos momentos, em contato direto com Juscelino.
Entre as cenas finais, está a repercussão da trágica morte, em 22 de agosto de 1976, do ex-presidente que fundou Brasília, a atual capital federal. A cena do funeral revela consternação da família e dos mais próximos. O fato é mostrado com crítica à imprensa, que não estaria “mostrando o fato como devia”. Em outra sequência, a comoção social com o caixão carregado pelo povo ao cemitério. Veja.
Ainda como parte memorável, envolvendo um dos nomes da minissérie, um episódio chocou os colegas de profissão e o público. A atriz Ariclê Perez foi encontrada morta, em São Paulo, dois dias depois do último capítulo de JK. Ela tinha 62 anos e interpretou Júlia Kubitschek, na última fase da trama.