
A época do Natal mexe com as pessoas. Seja porque nos recordamos dos entes queridos, seja porque o significado religioso nos toca, ou ainda pelo espírito de tolerância e concórdia que toma conta de todos, o dito aniversário de Jesus Cristo é uma data de forte apelo emocional. E é claro que a teledramaturgia não deixaria isso passar em branco. Hoje vamos recordar algumas celebrações do Natal nas novelas.
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Na década de 1960, uma das representações mais antigas do Natal nas novelas
Uma das primeiras representações do Natal nas novelas, senão a primeira, ocorreu em 1968. Escrita por Geraldo Vietri e Walther Negrão, Antônio Maria era sucesso às 19h na TV Tupi. O personagem-título, interpretado por Sérgio Cardoso, era um imigrante português que trabalhava como motorista de uma tradicional família paulista. Eram os Dias Leme, cujo patriarca era o Dr. Adalberto (Elísio de Albuquerque). No Natal de 1968, os autores transmitiram ao público uma mensagem de esperança no futuro da humanidade pela boca de Antônio Maria.
Em 1984, a novela das 19h Vereda Tropical, de Carlos Lombardi e Silvio de Abreu, acertou em cheio no Natal. Na mansão de Oliva (Walmor Chagas), um Papai Noel inesperado fez a alegria de seu neto Zeca (Jonas Torres). Não era ninguém menos do que Luca (Mário Gomes), jogador de futebol que o menino adorava e que vivia um romance com a mãe de Zeca, Silvana (Lucélia Santos). Àquela altura da história o avô detinha a guarda do menino e restringia seu contato com a mãe. No entanto, a presença de Luca, descoberto em seu disfarce, acabou fazendo com que Oliva o deixasse passar o Natal com Zeca.
O Natal de 1987 foi muito movimentado para a feirante Aldonza (Lolita Rodrigues) e sua família em Sassaricando, novela de Silvio de Abreu. Sumido da família havia anos, Ricardo (Carlos Zara), o marido dela, ressurgiu em meio aos festejos do nascimento de Cristo. Espiando a família, Ricardo tem sua presença identificada pela esposa, que consegue ver seu rosto durante a fuga, iluminado por um farol de automóvel. Capítulos depois, Ricardo enfim retorna de fato, durante os festejos do noivado de sua filha Tancinha (Cláudia Raia) com o publicitário Beto (Marcos Frota).
Manoel Carlos, um dos autores que mais celebraram o Natal nas novelas
Como em geral suas histórias são centradas em grandes conflitos familiares, Manoel Carlos é um dos autores que mais inseriu celebrações de Natal nas novelas. Em História de Amor (1995), a casa de Helena (Regina Duarte) teve momentos de emoção. Especialmente pela presença do ex-marido dela, Assunção (Nuno Leal Maia), agora preso a uma cadeira de rodas. Por Amor (1997) mostrou os Natais dos diferentes núcleos, com direito à paz armada entre Branca (Susana Vieira) e a filha Milena (Carolina Ferraz).
Na novela Páginas da Vida (2006), Manoel Carlos colocou Jorge (Thiago Lacerda) fantasiado como o bom velhinho. Alegrou o Natal da imensa família de Tide (Tarcísio Meira), especialmente das crianças, claro. No trabalho seguinte do autor, Viver a Vida (2009), coube ao médico Miguel (Mateus Solano) a função de tornar o Natal dos pequenos mais feliz. Mas no hospital onde trabalhava.
A primeira versão brasileira de Chiquititas, estreada em 1997, celebrou o Natal de forma memorável. Carolina (Flávia Monteiro) e o médico Fernando (Nelson Freitas) festejaram a data com as crianças do Orfanato Raio de Luz, com direito a um bonito presépio, “símbolo do amor que renasce”, nas palavras de Carol.
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De pagode a chuva de batons, o Natal nas novelas teve diversão e presentes para todos os gostos
Na novela O Clone (2001), Glória Perez uniu Ocidente e Oriente no bairro de São Cristóvão. De Dona Jura (Solange Couto) a Nazira (Eliane Giardini), todo mundo caiu no pagode que, sem dúvida, contagiou a todos.
O bem-sucedido remake de Ti-ti-ti (2010), escrito por Maria Adelaide Amaral, apresentou um dos muitos momentos cômicos de Ariclenes (Murilo Benício). Encarnando o estilista Victor Valentim, fantasiado de Papai Noel ele atirou batons criados por ele sobre a plateia de um dos desfiles de suas criações. Desta vez, na Praça Charles Müller, em plena feira livre.
Em Passione (2010), de Silvio de Abreu, o Natal também ocorreu na reta final da novela. Com efeito, foi uma ocasião propícia para uma confraternização dos Silva, a família do “Rei do Lixo” Olavo (Francisco Cuoco). Na ocasião, eles receberam o novo membro Totó (Tony Ramos). Este era filho de Olavo com uma namorada da juventude, Bete (Fernanda Montenegro). As cenas tiveram direito a Olavo vestido de Papai Noel, analogamente à data.
Em 2012, Gabriela, adaptação de Walcyr Carrasco da obra de Jorge Amado, ocupou a faixa das 23h. As irmãs Florzinha (Bete Mendes) e Quinquina (Ângela Rebello) tiveram uma vez mais vários elogios ao já tradicional presépio que montavam em Ilhéus todos os anos.
Algumas ocasiões em que o Natal nas novelas não foi tão feliz
Nem na ceia Eva (Ana Beatriz Nogueira) privou as filhas Manuela (Marjorie Estiano) e Ana (Fernanda Vasconcellos) de suas críticas cheias de sarcasmo. As personagens estavam no núcleo central de A Vida da Gente (2011), estreia de Lícia Manzo como autora titular do gênero.
Um Natal nada feliz, com toda a certeza, foi o de Ernest Hauser (José de Abreu) em Joia Rara (2013). A história de Duca Rachid e Thelma Guedes mostrou-o sendo obrigado a tolerar a presença do indesejado bastardo Manfred (Carmo Dalla Vecchia). Já em Amor à Vida (2013), na época do Natal a história de Walcyr Carrasco ainda tinha lenha para queimar. Havia mais de um mês pela frente. A desagradável Amarílis (Danielle Winits) lamentou o Natal infeliz que passa ao lado de Eron (Marcello Antony), seu companheiro, aliás roubado do amigo Niko (Thiago Fragoso).
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Para além das novelas, celebrações interessantes do Natal na teledramaturgia
Exibido em 2009, O Natal do Menino Imperador foi um unitário com roteiro de Péricles Barros. D. Pedro II (Sérgio Britto) aparece já idoso, exilado em Paris após a deposição do trono brasileiro. Ele conta ao neto Antônio (Rafael Miguel), na noite de Natal, como era sua vida na infância. Na ocasião, ele tinha a mesma idade do garoto e havia acabado de perder seu pai, D. Pedro I (Reynaldo Gianecchini).
Além das novelas, nos anos 2000 foi de lei acompanhar os Natais da série A Grande Família. Houve de tudo com os Silva nessa época do ano. Lineu (Marco Nanini) se desentendeu com o sogro Floriano (Rogério Cardoso). Em outra ocasião, contudo, a briga foi com o genro Agostinho (Pedro Cardoso). Os irmãos Bebel (Guta Stresser) e Tuco (Lúcio Mauro Filho), a saber, também brigaram no Natal. Houve também o Natal no qual Lineu não queria que Nenê (Marieta Severo) convidasse pessoas de fora. As regras e as restrições orçamentárias eram então muitas. Amigos como Marilda (Andréa Beltrão) e Beiçola (Marcos Oliveira), a princípio, teriam que ficar de fora da ceia.

Todavia, no final todos acabavam se acertando, uns reconhecendo seus erros e outros os perdoando, enfim. E assim os Natais sempre terminavam felizes e cheios de amor e fraternidade. Como devem ser também os nossos, ademais, na vida real. Feliz Natal!