O novelista e ator Miguel Falabella, de 66 anos, abriu o jogo sobre a época em que trabalhou como autor de novelas e séries, e relatou que as suas obras não eram bem avaliadas nos bastidores da TV Globo. Em entrevista ao jornalista Lucas Pasin, do UOL, o veterano falou sobre a sua saída da emissora carioca após 39 anos como contratado e revelou que não encontrava liberdade para escrever as suas novelas como ele gostaria.
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“Nunca fui preso a nada. Escrevi ‘Pé na Cova’, ‘Toma Lá Dá Cá’, fiz o que eu quis. Sou um privilegiado porque tive Roberto Talma [diretor da Globo, morto em 2015] na minha vida. Ele dizia: ‘Faz’. Eu falava: ‘Vou fazer uma funerária, no Irajá, com uma mulher alcoólatra maquiadora de defunto, a filha é puta e namora um sapatão mecânico. Os vizinhos são esquizofrênicos, e ele dizia ‘Faz!’. Para seriados eu sempre tive liberdade de criação”, relatou ele.
Miguel Falabella afirmou que ao contrário das séries, ele não encontrava liberdade em suas novelas e enfatizou que A Lua Me Disse (2005) estava de castigo no arquivo da emissora.
“Novela é outra coisa. Lá você é obrigado a realmente atender ao desejo do público. É o que banca o salário de todo mundo, tem que atender o público. As minhas novelas vão entrar no streaming agora. Elas não eram muito bem vistas. Outro dia soube que ‘A Lua me disse’ vai entrar no Globoplay e vi algumas pessoas celebrando. Ela estava bem lá de castigo antes”, contou o autor.
Ainda no bate-papo, o novelista relatou que as suas novelas acompanham a sua personalidade e que não se aprisionava em coisas que acabavam o desagradando.
“Não me permito a me aprisionar. Se está me enchendo muito o saco, vou brincar de outra coisa. Essa coisa lúdica da criança eu nunca perdi. [Na Globo] Ficava aqueles homens todos vociferando, e eu não estava nem aí”, acrescentou Miguel Falabella.