A atriz Letícia Sabatella, de 52 anos, recordou a sua personagem Lara na novela Irmãos Coragem (1995), que enfrentava uma patologia chamada Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) no remake escrito por Janete Clair. Em entrevista ao gshow, a artista falou sobre as personalidades fragmentadas de Lara em Diana e Márcia na trama e relatou que era uma forma de Lara enfrentar todos os gatilhos que ela lidava em sua trajetória.
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“Eu me lembro muito das palavras do Luiz Fernando Carvalho (diretor), me dizendo que aquilo era um distúrbio, que a pessoa ia mudando de personalidade. Comecei a pesquisar e embarcar. E fui muito no mergulho psíquico e simbólico também, de uma mulher que vivia sob uma opressão tão pesada, no ambiente truculento dos homens, do garimpo, da repressão. E aí tinha essa personalidade que a libertava, que vinha na figura da Diana, que exercia o seu desejo, a sua sexualidade, a sua liberdade”, analisou a artista.
Letícia Sabatella conta que a personagem se fragmentava em diversas personalidades para se libertar da opressão de seu pai na trama. “Com a sua inspiração e profundidade, Janete Clair desenhou muito bem uma pessoa que, vivendo sob tamanha repressão, não tinha como ser plena, ser inteira, a não ser dissociando-se”, refletiu ela.
Ainda no bate-papo, a estrela ressaltou as nuances poéticas exploradas por Janete Clair em sua história e que Lara necessitava se diluir em outras personas para que continuasse coexistindo.
“Lara não conseguia lutar e mudar aquela realidade de sofrimento, de opressão, então, era como se ela se refugiasse e, de repente, dali saía a outra personagem. Ficava muito nítido e muito delicado. Tinha sempre um gatilho, algo que desencadeava a necessidade da outra personalidade aparecer pra poder tirá-la daquele sufoco em que vivia. A personalidade da Diana era a transcendência daquilo. Depois veio uma outra personalidade, a Márcia, que era o equilíbrio. E, como obra dramatúrgica, tudo foi tratado com bastante poesia também”, completou Letícia Sabatella.