Gilberto Braga revela: “Fui oportunista várias vezes na minha carreira e acabou dando certo”

Publicado em 18/05/2017

Cenas antológicas, personagens de peso e tramas realistas com críticas sociais permeiam as criações de Gilberto Braga, convidado do episódio de “Donos da História” que vai ao ar neste domingo, dia 21 de maio, às 18h30, no VIVA. Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Antonio Fagundes e Malu Mader emocionam o homenageado, recordando memórias profissionais de suas parcerias.

Uma vasta e consagrada trajetória profissional acompanha o entrevistado, que confessa ser oportunista: “Oportunismo é um defeito, mas como sou, fiz muita análise para ter vergonha dos meus defeitos. Fui várias vezes na minha carreira e acabou dando certo.”.

O carioca formou-se em Letras e trabalhou como crítico de teatro e cinema do jornal O Globo até descobrir a paixão pela teledramaturgia. Sua estreia como autor foi em 1972, quando escreveu um episódio de “Caso Especial”. A primeira telenovela veio dois anos depois: “Corrida do Ouro”, com a parceria dos já renomados Janete Clair e Lauro César Muniz. Em 1975, ele foi responsável pela adaptação de dois clássicos romances: “Helena” e “Senhora”.

Gilberto Braga, autor de Babilônia, entrega projeto de novela das 21h para a Globo

Com “Escrava Isaura”, em 1976, Gilberto Braga ganhou ainda mais notoriedade como autor. Em seguida, escreveu “Dona Xepa”. O ano de 1978 marcou sua carreira com a estreia de “Dancin’ Days”, uma das principais novelas brasileiras. “Água Viva” veio na sequência, em 1980, de uma parceria com Manoel Carlos. Ao longo da década, lançou as produções “Brilhante” (1981), “Louco Amor” (1983), “Corpo a Corpo” (1984), “O Primo Basílio” (1988), e a bombástica “Vale Tudo” (1988), que parou o país. E Gilberto Braga começou os anos 1990 com o pé direito, colaborando em “Rainha da Sucata”, de Silvio de Abreu. Depois de “Vale Tudo”, o autor reaviva o tema “corrupção no país” e cria uma trilogia com “O Dono do Mundo” (1991) e “Pátria Minha” (1994). Outras novelas de destaque: “Celebridade” (2003), “Paraíso Tropical” (2007) – em parceria com Ricardo Linhares -, “Insensato Coração” (2011) – também da dupla -, e “Babilônia” (2015), ao lado de Ricardo e João Ximenes Braga.

“O público guarda mais o que é bom, e esquece o que é ruim. A memória é muito afetuosa”, comenta Gilberto, que desabafa sobre clássicos de sua carreira: ““Dancin’ Days” tem coisas horríveis, capítulos dos quais me envergonho. “Água Viva” tem menos, mas também tem. “Brilhante” tem coisas horrorosas que tive que tirar do ar correndo. Mesmo “Vale Tudo”, tem uma parte muito fraca. Já em “Insensato Coração”, isso não existe. As histórias têm interesse o tempo todo! Por isso, considero a melhor novela que fiz. Duvido que me mostrem um capítulo do qual vá me envergonhar.”.

Ainda sobre as icônicas “Dancin’ Days” e “Vale Tudo”, o autor destaca que batalhou pelos temas centrais das tramas. “Na primeira, fiz a sinopse sobre a relação de duas irmãs que disputavam o amor de uma menina. Uma era mãe de verdade e a outra de criação. Aí o Boni achou que não tinha novidade nenhuma. Fiquei desesperado. Daniel [Filho] me aconselhou: ‘Entrega de novo a sinopse, onde está escrito boate, você coloca discoteca e bota em letra maiúscula’. Em “Vale Tudo”, mais uma vez, Daniel disse que o Boni não ia aceitar porque não tinha nenhuma novidade. Insisti muito porque confiava na história. Acabei tendo permissão e tinha razão: Foi um sucesso!”. Se Gilberto tem planos de escrever novamente para o horário das 21h? O dramaturgo explica: “Já estou com 71 anos, acho uma responsabilidade muito grande. É muito tenso. A das 23h é mais fácil, porque tem menos censura, além de ser um número menor de capítulos, não é todo dia.”.

As minisséries “Anos Dourados” (1986) e “Anos Rebeldes” (1992) também são um marco da trajetória de Gilberto, que enfatiza: “Para o homem, a carreira é muito importante. Se a gente é feliz no trabalho, tem pelo menos metade da coisa resolvida. E eu fui muito feliz no meu. Apesar do sucesso das minisséries, devo o meu sucesso às novelas, que representam, então, a minha carreira. O Daniel Filho tinha razão, eu tinha jeito para escrever novela…”.

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