No ar em Malhação – Viva a Diferença, Talita Younan dá vida à K1 (Katherine), uma jovem que começou como uma espécie de antagonista, e logo foi abraçada pelo público da novela fazendo com que sua personagem mudasse de rumo. Natural de Presidente Prudente, interior de São Paulo, a atriz vive sozinha no Rio de Janeiro há 4 anos, onde atuou nas duas temporadas de Os Dez Mandamentos, antes de chegar à Globo:
Veja também:
Leia também: Globo 2017: emissora emplaca novelas de sucesso
“A personagem foi um presentão. Ela começou muito vilã e depois foi para o lado cômico e começou a crescer de uma forma que eu não esperava. Quando eu descobri que ia ser vilã, antagonista, eu fiquei meio tensa, assustada, nunca tinha feito nada parecido. Mas foi um desafio e eu não sabia que ia rolar essa história de assédio, foi acontecendo… Eu comecei a entrar nas histórias, comecei a ajudar todo mundo. É muita gente. Século 21, isso não tem mais que existir, a gente tem que se unir para isso acabar. Todas nós já sofremos assédio, né? Na rua, na balada, olhares…” – contou ela à Revista Quem, sobre a recente história de sua personagem, que sofreu assédio sexual do padrasto.
Talita conta que ficou surpresa ao receber os capítulos e perceber que havia uma diferença brutal no comportamento de K1, o que a fez construir lentamente seu jeito de interpretar a situação delicada do assédio: “Quando os textos começaram a chegar, da K1 se escondendo, sem maquiagem, sem nada no cabelo, bem diferente do que ela é, né? Porque ela é bem para cima, bem extrovertida, ela ficou agressiva, não queria voltar para casa, tudo mudou no comportamento. E eu não sabia o que era. Quando começou a vir no texto, eu fiquei: ‘Gente, o que está acontecendo com a K1?’. Foi uma surpresa para todo mundo, foi uma construção e mexeu muito comigo. Foi uma semana muito difícil de gravação. É um tema muito cuidadoso, que a gente queria falar com muita delicadeza, sutileza, porque a gente sabia que ia mexer com muitas meninas. Então o set era diferente, todo mundo mais calmo, falando mais baixo. Foi muito bonito. Quando foi para o ar, eu recebi mais de mil mensagens, fui na Fátima falar. Em cena, era desesperador, porque eu contei primeiro para a Keila (Gabriela Medvedovski), que era a amiga, para a Dóris (Ana Flávia Cavalcanti), que era a diretora, e depois para a delegada. Eu me senti muito na pele das meninas, engasgada, ânsia, passei mal, me deu tontura no set.”
A atriz disse que se surpreendeu mesmo com a quantidade de mensagens que passou a receber desde então, de meninas que passam pela mesma situação que sua personagem passou e não têm coragem para contar a alguém que estão sendo abusadas: Eu sabia que era o que muitas meninas vivem e quando eu recebi as mensagens, você vê as histórias e não consegue acreditar que isso exista, sabe? Meu pai me assedia há 10 anos, meu avô, tio, vizinho… Geralmente é com pessoas próximas. Você começa a ver umas estatísticas absurdas… Imagina as mulheres que não falam? A maioria das mensagens que eu recebi eram de meninas novinhas pedindo ajuda para a K1. O que a assessoria da Globo me aconselhou a fazer era responder falando para elas procurarem um adulto de confiança, independente da família ou não, conversar e denunciar. Foi muito importante para mim como atriz”.