O Vale a Pena Ver de Novo enfim resgata Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro. Sete anos depois da exibição original, afora algumas ocasiões como “Novelão” do Vídeo Show a história se mantinha “inédita em reprises”, digamos. Nesse ínterim, a história da vingança de Nina (Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves) correu o mundo e chegou a mais de 150 países. Mantém desde 2016 o posto de novela da Globo exibida em mais países Terra afora. E originou até imitações bastante descaradas, a saber, como a produção de Michel Gómez Avenida Perú, de 2013. Abaixo você relembrará ou conhecerá outros feitos do maior sucesso da década na televisão brasileira.
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O maior sucesso da década não é a novela mais vista da década
Pois é. Esse posto pertence à antecessora de Avenida Brasil no horário das 21h da Globo. Escrita por Aguinaldo Silva, Fina Estampa (2011/12) registrou média geral de 39,1 pontos de audiência. Avenida Brasil ficou um pouco abaixo disso, com 39. Uma diferença mínima, mas que numericamente é favorável à história de Pereirão (Lília Cabral). Todavia, em termos de repercussão, penetração popular, influência em hábitos, memes na internet, discussões acaloradas em fóruns virtuais… Sem dúvida Avenida Brasil vence com vantagem. Tanto assim que foi lembrada agora, num momento em que o Vale a Pena Ver de Novo precisa manter os bons índices das reprises de Cordel Encantado e, principalmente, de Por Amor, que se despede esta semana com audiência próxima de 20 pontos. Isso às 17h, com uma novela de mais de 20 anos já reprisada outras três vezes.
Representação de um país de bem consigo mesmo ajudou Avenida Brasil a ser o maior sucesso da década
Com toda a certeza, Avenida Brasil não seria o êxito que foi antes ou depois de 2012. E isso quem diz não é o colunista, mas o próprio autor da novela, João Emanuel Carneiro. Aquele foi o momento perfeito para que a novela fosse apresentada e caísse nas graças de um público tão grande. O País colhia os louros de um governo com ideais sociais bastante marcados e um projeto político progressista. É interessante perceber como Avenida Brasil baseava seus conflitos em personagens do subúrbio, com os tradicionais ricos da zona sul carioca sem a evidência usual. De maneira que, se não foi o teor “político”, por assim dizer, que construiu o sucesso do projeto, sem ele talvez o sucesso não fosse o mesmo também.
Assim como o comportamento dos personagens e seu modo de viver apresentavam atitudes possíveis à maioria dos espectadores, em suas cidades Brasil afora. Uma beleza possível, um modo de vida alcançável, uma realidade próxima da grande massa de espectadores. De modo que o público teve como se identificar com a trama de Avenida Brasil, mesmo que não tivesse o patrimônio cobiçado de Tufão, a sanha de vingança de Nina, a malandragem de Max ou a poligamia de Cadinho.
Alguns prêmios e indicações do maior sucesso da década
Avenida Brasil foi indicada ao Emmy Internacional de 2013 na categoria Melhor Novela. Não venceu, e se vencesse repetiria o feito da Globo do ano anterior, quando O Astro, de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro a partir do original de Janete Clair, foi a vencedora. A Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) deu a Avenida Brasil o seu Grande Prêmio da Crítica do ano de 2012. Assim como deu a Adriana Esteves e José de Abreu os prêmios nas categorias de ator e atriz.
Campeã no prêmio da firma
Nos Melhores do Ano, premiação estritamente global, o maior sucesso da década conquistou os troféus de Atriz (Adriana Esteves), Ator (Murilo Benício), Ator ou Atriz Mirim (Mel Maia), Ator Coadjuvante (Juliano Cazarré) e Atriz Coadjuvante (Ísis Valverde). O Troféu Imprensa de 2013, que conferiu prêmios aos melhores da televisão brasileira em 2012, sagrou Avenida Brasil vencedora das três categorias principais. Melhor Novela, Melhor Atriz e Melhor Ator – uma vez mais Adriana e Murilo, respectivamente. Os três premiados bisaram na ocasião, com o Troféu Internet, que consiste apenas em votos de internautas no evento organizado por Silvio Santos.
Reforço no abastecimento de energia para o final do maior sucesso da década
A expectativa em torno do último capítulo de Avenida Brasil em outubro de 2012 foi muito grande. Havia um “quem matou?”, a saber, em torno da morte de Max (Marcello Novaes). Todavia, não era apenas isso que fazia com que o público ansiasse pelo desfecho da história. Os destinos de Nina, Carminha, Tufão, Jorginho, Mãe Lucinda e todos os outros seriam enfim resolvidos, da melhor forma para todos, esperava-se. O Jornal Nacional daquela sexta-feira mostrou o pouco movimento nas ruas de grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores centros do País.
Além disso, o Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável pelo abastecimento de energia elétrica, temeu que logo após o “fim” surgir na tela dezenas de milhões de pessoas em todo o Brasil retomassem atividades normais, como tomar banho, por exemplo. Um temor justificável, afinal, estimava-se alto ibope, que se confirmou: a média do capítulo 179 foi de 52 pontos, a maior em sete anos no horário das 21h da Globo.
Até a presidenta Dilma embarcou no maior sucesso da década
Políticos e grandes empresários são “gente como a gente”, veem novelas, ouvem músicas dos ídolos do momento, enfim. E com Avenida Brasil em seu desfecho não foi diferente. Dilma Rousseff, que então cumpria o segundo ano de seu primeiro mandato na Presidência da República, pediu ao companheiro de PT Fernando Haddad, na ocasião em campanha pela Prefeitura de São Paulo, que cancelasse um comício marcado para a noite da sexta-feira, 19 de outubro de 2012. Justamente quando a novela terminaria, e Dilma queria ver o final. Tal qual milhões e milhões de brasileiros.
Na rede social do passarinho, Avenida Brasil esteve nos assuntos mais comentados
No início da década, ainda não se tinha a dimensão existente hoje em relação ao poder das redes sociais. Não apenas uma enxurrada de #OiOiOi tomava conta dos tweets por volta das 21h, como também não raro os 10 itens dos Trending Topics do Twitter eram relacionados a Avenida Brasil. Com toda a certeza, algo que não pode ser desprezado. E que ajuda a comprovar ainda mais a tese de que, por falar da classe C, protagonista dos rumos do País na ocasião, a novela realmente era um grande fenômeno de penetração, comprovado pelas manifestações na rede.