Tony Ramos é uma das estrelas que formam o elenco de O Sétimo Guardião – próxima novela das 9 da Globo. Em entrevista ao Observatório da Televisão, o veterano ator falou um pouco sobre o seu personagem, Olavo Aragão. “Ele é um homem muito prático e poderá ser confundido com um vilão muitas vezes”, avisa logo.
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Olavo será um homem poderoso na trama de Aguinaldo Silva. Viúvo, ele criou sozinho a filha Laura, interpretada pela Yanna Lavigne. Suas atitudes variam entre um empresário ambicioso de atitudes ríspidas e um pai amoroso que só quer o bem de sua única herdeira.
Ao longo da conversa, Tony Ramos também falou sobre a vida pessoal, personalidade e o carinho do público. “Eu fico muito constrangido”, afirma sobre os elogios que recebe por ser uma pessoa do bem. Confira a entrevista completa a seguir:
Como será o seu personagem em O Sétimo Guardião?
Um homem pragmático. Muito rico, muito. Dono de empresas aqui (no Brasil) e fora do país. Viúvo que cuidou da própria filha sozinho, que é a Yanna Lavigne que faz. Tem um amor absoluto por essa filha. É um homem que pensa demais no dinheiro.
O Olavo Aragão é um vilão?
O vilão clássico que vocês estão acostumados, aquele que faz maldades, não! Ele é um homem muito prático e poderá ser confundido com um vilão muitas vezes. Ele diz: ‘dinheiro para mim é fundamental’. E a Lília Cabral fala: ‘eu vejo que seus olhos brilham quando fala em dinheiro’.
Ele responde: ‘claro, é o melhor colírio que existe. Mas sabe por quê? Porque o dinheiro dá emprego para muita gente. Eu amo dinheiro e ele me dá mais poder’.
“Personagem muito humano”
A ambição está na personalidade do Olavo?
É um homem contraditório. Assim como ele dá emprego para muita gente, ele é pragmático. Chega até ser cruel com relação ao dinheiro. Se ele tiver que executar alguém que está devendo, executar no sentido da justiça e de tomar a empresa da pessoa, ele vai fazer. E é assim que ele ameaça a Valentina, personagem da Lília Cabral.
Como o público vai reagir a esse homem?
Ele não é um vilão que fica pensando em como ser maldoso. A vilania dele é de outro tipo. Como ele é um homem que ama o dinheiro, faz qualquer negócio e quem estiver devendo, ele põe e executa na justiça, ele vai ser tachado como o grande vilão.
Mas ao mesmo tempo ele é de um amor com a filha única, que ele criou sozinho, que o espectador fica dividido. O espectador vai dizer: ‘ele é assim como o dinheiro, mas ao mesmo tempo é um grande pai’. Por isso que é um personagem muito humano.
É o seu primeiro “casamento” com o autor Aguinaldo Silva?
Sim, mas a gente namora há muito tempo. Nunca dava por questões de agenda. Teve várias novelas que ele pensou em mim para escalação, mas eu já estava ocupado em minissérie, novela. Mas agora deu certo. Está sendo ótimo.
Vida e carreira
Recentemente, você completou 70 anos de idade. Qual balanço você faz da sua carreira nesse momento?
70 anos é uma benção! Para mim, que acredita nisso, é uma benção de Deus. É uma permissão de Deus eu estar aqui trabalhando, recebendo convite de autores, de diretores, para continuar o meu trabalho. Fazendo cinema, teatro. Eu acabei de fazer um filme que vai estrear no início do ano (2019). Já estou na novela.
Isso é uma dádiva! Eu poder estar com essa idade, em um país que, lamentavelmente, quando a pessoa faz 40 anos fica difícil arrumar emprego. Eu acho que é fruto do trabalho desses 55 anos de carreira.
O que é envelhecer para você?
É saber envelhecer aceitando a velhice, aceitando suas idades. Não inventando modas. E principalmente, olhando ao seu lado e vendo que você está inteiro, com saúde, trabalhando e ganhando anos. Mais uma benção de Deus.
Ao longo dos seus 55 anos de carreira, você já fez vilão e mocinho. Qual personalidade te agrada mais interpretar?
Honestamente, talvez seja uma resposta óbvia demais. Mas é a que eu sempre acredito: um bom texto, uma boa ideia. O psicopata assassino que eu fiz, que era de A Regra do Jogo (2015), é um personagem surpreendente, admirável. É isso! Textos e personagens que te surpreendam. É isso que me deixa feliz.
Em relação a sua vida pessoal ser reservada: opção ou consequência?
Foi naturalmente. Minha mulher é assim, eu sou assim. Nós não temos rede social, Instagram, Facebook. Não temos nada disso, mas eu sei que tem alguns falsos por aí. O que eu posso fazer? Não que sejamos contra. Nós só não somos assim, é diferente. É uma questão muito simples, como matemática: 2 + 2 = 4.
“Essa discrição não é forçada”
Nossa vida pessoal basta para nós dois, nossos filhos, nossos netos. Alguns amigos muito íntimos que nos frequentam. Essa é nossa vida, não tem complicação. Essa discrição não é forçada, ela é natural em nós.
Passar uma temporada no sítio continua sendo um refúgio do casal?
Meu refúgio é ir para o sítio, ficar em casa mesmo, visitar alguns amigos, familiares do interior de São Paulo. Esse é o nosso refúgio.
Personalidade de Tony Ramos
Você é sempre elogiado e lembrado como uma pessoa boa. Como é ser essa referência?
Isso aí é um perigoso. Eu fico muito constrangido. Eu não quero ser referência porque cada um é de um jeito. Tem pessoas que são mais tímidas, não são de falar muito, e poderiam ser referências também. Eu acho que cada um tem um jeito de ser.
Fato de ser uma boa pessoa, de respeitar o próximo, de não ter inveja, aceitar a idade, aceitar a vida, não deveria ser uma referência. Deveria ser nem exemplo. É como todo mundo deveria pensar. Então eu fico constrangido, apenas isso. As minhas atitudes perante a vida não são para servir de exemplo. Elas são minhas. Se de alguma forma pode ajudar alguém, paciência. Vamos em frente!
“O povo sabe muito bem quem eu sou”
O comercial com a Friboi não afetou a sua imagem perante o público, né?
A gente não pode subestimar o público. Não houve nenhum problema com a Friboi comigo. Eu não me arrependo também. Eu fiz aquela campanha com a maior boa vontade, porque eu acreditava no produto. Tanto que quando teve aquela história de carne fraca, provou-se depois que não tinha nada contra a Friboi, que era outra companhia.
Eu só saí por outras razões, que veio se saber depois. Aí não tinha como continuar. Mas no ponto de vista do povo, não. O povo sabe muito bem quem eu sou e no que eu acredito.
Você continua recebendo muitos pedidos de publicidade? Você rejeita algo?
Continua. Tem muita coisa que eu não faço, nunca fiz e não vou fazer.
O que te tira do sério, fora política?
O que me tira do sério é pessoa que é muito cheia de si, soberba. Pessoas que não respeitam o próximo. A soberba, a inveja, a intolerância, preconceito. Isso me tira do sério.
Tony comenta sobre a atriz Vitória Strada
Em entrevista ao Observatório, A Vitória Strada falou que você foi muito importante na carreira dela. Você está acompanhando o trabalho dela em Espelho da Vida?
Eu disse para ela: ‘você nasceu para ser uma protagonista’. E eu estava certo. Está aí ela estrelando a novela atual, lindamente bem. E vai continuar porque ela é uma menina aplicada, determinada e que estuda muito. Ela não apenas lê e decora o texto, ela se aprofunda e estuda o texto. Ela vai seguir em frente com muito sucesso.
*Entrevista feita pelo jornalista André Romano