Loira, alta, magra, bela. Fabiana Saba dispunha de todos esses atributos para ser um modelo de muito sucesso. E foi e continua sendo. Mas agora tudo gira em torno dos seus desejos e objetivos. Outros objetivos.
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A paulista iniciou a carreira junto com outra grande estrela do mundo fashion, Gisele Bündchen. Por força do destino, Fabiana foi contratada pela Rede TV! para apresentar o Interligado, programa que contava com clipes e curiosidades sobre os artistas mais importantes dos anos 2000.
A atração foi reformulada e Fabiana passou a comandar o Interligado Games, formato parecido com o Passa ou Repassa do SBT. Logo depois foi uma das apresentadoras do Superpop quando Adriane Galisteu deixou a atração rumo à Record. Em 2002, Fabiana saiu da Rede TV!, seguiu na carreira de modelo, casou e teve duas filhas.
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Por vontade própria deixou as passarelas de lado e dedicou maior tempo à família. De uns anos pra cá vem retomando desfiles, editorias e eventos, mas com outro propósito: dar visibilidade às mulheres, mulheres reais, não as idealizadas pela mídia e a industria da moda.
Ao lado de outras modelos, Saba segue à frente do Todas Juntas, programa exibido no Youtube, que conta com a presença das mais variadas convidadas para falarem sobre suas vidas, entre elas, Mariana Xavier, atualmente em A Força do Querer, que falou sobre os tabus que envolvem mulheres gordinhas.
Em entrevista ao Observatório da Televisão, a profissional relembra sua passagem pela Rede TV!, fala da parceria com as amigas Nathalia Novaes e Pathy de Jesus e do mercado da moda: “Não deveria existir um padrão, as mulheres são lindas em sua essência, com suas diferenças e se a mídia e as revistas mostrassem essa diversidade, tenho certeza que melhoraria a saúde e a autoestima de todas nós“, analisa a hoje modelo plus size sobre os padrões impostos pela indústria e mídia.
Confira:
Eu me recordo da sua passagem pela Rede TV! no Interligado Games e Superpop. O público também relembra esse momento da sua carreira? Você é saudosista?
Ainda recebo muitas mensagens de carinho de pessoas que se lembram do Interligado e Superpop. Adoro ver que depois de tantos anos as pessoas ainda lembram daquele tempo. Eu mesma sempre me recordo, e sim, sou bem saudosista, me lembro com amor daquela época e sinto saudades de apresentar os programas, mas nunca me arrependi de abrir mão de tudo por amor.
Como é a sua vida nos EUA? O que procurar passar da cultura brasileira, ainda que sofra, no bom sentido, das influências de outros lugares, para suas filhas?
Minha vida aqui é bem corrida pois sou mãe de duas meninas de 6 e 9 anos e me dedico na criação delas, alem de ter voltado a trabalhar. Mas aqui em NY a vida acaba sendo bem pratica, fujo do transito usando o metro, as crianças ficam ate às 3 na escola e muitas vezes tem play dates com as amigas.
Sobre a cultura brasileira, eu só falo português com elas, elas amam pão de queijo e comem bastante comida brasileira, tem a influencia da vovó que vem bastante visitar, e por eu ser brasileira acabam sendo influenciadas pelo meu jeitinho.
Muitas mulheres se queixam da vida agitada que levam e do pouco tempo que dedicam aos filhos, como trabalhar fora, etc. Você abriu mão da sua carreira, casou, teve filhos… Como avalia essa experiência? Como foi a retomada ao mercado de trabalho?
Não foi fácil abrir mão de tudo para ficar em casa, pois eu comecei a trabalhar com 13 anos e adoro trabalhar, então assim que sai da TV e voltei pra Nova York para retornar meu namoro com o meu – agora – marido, eu não parei quieta. Assim que cheguei aqui voltei a estudar, trabalhei de voluntaria no hospital infantil, e quando as meninas nasceram me envolvi com as escolas e sempre participei de tudo da vida delas. Agora que elas ficam mais tempo na escola eu voltei a trabalhar e e estou ainda me acostumando a esse novo horário pois não tenho baba então trabalho envolta dos horários delas. Acho que as mães, tanto as que trabalham e as que ficam em casa, passam por momentos difíceis e culpas e merecem nosso amor e respeito.
Ser verdadeira consigo mesma e ainda encarar a mídia, a industria da moda, as mulheres é algo que vem com o tempo. Digo isso porque você, assim como muitas pessoas, passou por esse amadurecimento. Recentemente você fez essa postagem nas suas redes sociais abordando justamente essa questão: a imposição de padrões. O que sentiu ao ler os comentários?
Lendo os comentários me senti muito emocionada, vendo que tantas outras pessoas também se sentem assim, que minha mensagem pode ajudar mulheres que passam pela mesma coisa do que eu, assim como me ajuda também ler suas histórias.
Como as suas colegas e amigas de profissão reagiram em relação ao texto e foto?
Sobre minhas amigas, elas comentaram na foto e algumas me mandaram mensagens, mas elas já sabiam como eu me sentia, e as amigas de verdade já me abraçaram todas as vezes que não consegui abraçar a menina do espelho.
Para alguém que trabalha há anos com moda e TV. O que é o padrão de beleza levando em conta o seu olhar neste momento em que você integra um projeto que dá visibilidade às mulheres?
Para mim não deveria existir um padrão, as mulheres são lindas em sua essência, com suas diferenças e se a mídia e as revistas mostrassem essa diversidade, tenho certeza que melhoraria a saúde e a autoestima de todas nós.
Em entrevista ao Revista CBN, apresentado pela Petria Chaves, você falou da pressão em que as modelos passam para emagrecer, da influência que as meninas sentem para seguirem esses exemplos por conta da mídia. Como a imprensa de moda/beleza pode caminhar em parceria com as modelos e o mercado como um todo para que as mulheres possam ser respeitadas e ainda sim deixar o mercado seguir seu fluxo?
Quando a gente abrir uma revista de moda bacana e ver um editorial com mulheres negras, asiáticas, brancas, gordas, magras, enfim, diferentes belezas, juntas sem precisar anunciar, sem precisar de nomes e etiquetas, simplesmente modelando nas revistas, ai sim teremos diversidade e representatividade.
No canal do Youtube, Todas Juntas, vocês abordam temas polêmicos de forma sensível e direta. Como surgiu a ideia do programa? Quem faz parte dele?
A Nathalia Novaes, modelo que passou por um distúrbio alimentar e hoje é modelo curve, e formada em estudo das mulheres, criou o programa para ajudar mulheres e falar sobre auto estima, dividindo experiências e ajudando uma a outra. Ela chamou a Luma Grothe que logo aceitou fazer parte do projeto. Enquanto isso eu descobri que postando sobre o que eu estava passando estava me ajudando e ajudando outras mulheres e descobri que juntas, dividindo nossas historias somos mais fortes.
A Nate entrou em contato comigo e logo quis também fazer parte do projeto. Trocamos o nome de body talk para todas juntas, o Pedro Pitanga, do OH Produções, nos procurou para transformar nosso projeto em um programa e em pouco tempo tínhamos montado uma equipe. A Luma não pode ir e só um nome veio à minha cabeça para finalizar nosso time, uma mulher que tem voz e traz muita experiência e historia, e assim chamamos a Pathy de Jesus para completar nossa equipe!
O programa, nessa primeira temporada, foi maior do que somente auto estima, e acabamos falando sobre mulher no geral, incluindo todas as mulheres, falando de diversos problemas que nos atinge, para que ouvindo umas as outras com empatia possamos nos unir ainda mais!
Confira um trecho do Superpop e do Interligado Games com Fabiana Saba: