A primeira temporada do X Factor Brasil, reality musical da Band chegou ao fim na madrugada desta quinta-feira (24), com a vitória inesperada de Christopher Clark, que ganhou um contrato de gravação com a Sony Music. Com 26 episódios exibidos, a atração já tem segunda temporada garantida para 2017.
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Para falar sobre o X Factor precisamos citar sem dúvida sua versão original, o The X Factor britânico. No ar desde 2004, o programa é um sucesso que pode facilmente ser comparado à repercussão do Big Brother Brasil ou mesmo das nossas novelas das 21 horas em seus melhores anos. O programa movimenta a indústria do entretenimento, e a indústria de fofocas nos meses em que ele permanece no ar, além de fazer com que hajam programas derivados dele como o The Xtra Factor, onde os participantes eliminados dão entrevistas, e até mesmo ficam sabendo a porcentagem com a qual cada candidato foi eliminado nas votações. O objetivo do programa não é encontrar a melhor voz (embora esse seja um requisito básico), e sim encontrar uma estrela, que seja vendável comercialmente. Em seus anos no ar, revelou para o mercado fonográfico, e do entretenimento diversos artistas, dentre os mais famosos One Direction, Little Mix, Olly Murs, Leona Lewis, Alexandre Burke, Cher Lloyd, Ella Henderson, e Fleur East.
A versão americana do programa foi responsável pelo lançamento do grupo Fifth Harmony e durou apenas 3 temporadas no ar sendo cancelada pela emissora Fox por problemas de audiência repercussão, e alto custo de produção, apesar de ser de qualidade visivelmente inferior à versão original.
Quando o Band adquiriu o formato do programa há alguns anos, acreditava-se que seria um verdadeiro desastre sobretudo em termos de estrutura, já que a Globo, tão orgulhosa de seu padrão Globo de qualidade havia feito uma primeira temporada do The Voice Brasil que pecava até mesmo em detalhes como iluminação, e tendo a Globo tamanho know-how, um reality como o X Factor nas mãos da Band, era inimaginável. Quando foi anunciada sua estreia para 2016, foi anunciada também a parceria com o canal de TV fechado TNT, um casamento interessante; Se por um lado, a Band precisava da estrutura e número de profissionais advindos dessa parceria, o TNT precisava de horas de conteúdo nacional em sua grade.
Satisfeitas as partes, a polêmica começou logo nas audições do programa em São Paulo. Acusações de descaso viraram notícias nas redes sociais. Quando o programa finalmente estreou, não foi o sucesso alarmante que acontece no Reino Unido, infelizmente. O Brasil já viu inúmeros programas musicais de talento, desde Show de Calouros, Fama, Popstars, Ídolos, e quadros dentro dos programas do Raul Gil, Silvio Santos, Xuxa e Eliana, devido a isso o X Factor foi visto como “apenas mais um” já que atualmente temos The Voice Brasil, e Superstar, realities de estilo semelhante.
A audiência do programa foi composta principalmente por jovens que já tinham conhecimento das versões internacionais (exibidas no Brasil pelo Canal Sony). Em termos de estrutura, palco iluminação, movimentos de câmera, o programa nada fica a dever à sua versão original. Mas um quesito fundamental prejudicou o andamento do show, e principalmente sua repercussão sobretudo nas redes sociais: o talento dos candidatos. Disparidades entre as escolhas dos jurados e os comentários on-line aconteceram a todo momento. Durante o programa, existiram erros de direção e alguns erros técnicos. Na fase chamada Centro de Treinamento, onde os candidatos se apresentavam ao ar livre, foi possível ouvir enquanto eles cantavam Fernanda Paes Leme – que inclusive conduziu a atração muito bem visto que foi sua primeira experiência como apresentadora – em outro canto gravando passagens para o programa. Na fase ao vivo, a impressão que se tinha era que o que foi planejado para ser grandioso no palco, como uma apresentação profissional em um show de música pop, com direito a cenários, efeitos de luz, e ballet, se tornava algo comum de um programa de televisão com ballet datado. Faltou sincronia entre direção, coreografia, figurino, escolha das músicas e principalmente fazer do programa mais agradável, e mais ágil, já que fatalmente a Band tem mania de querer segurar o telespectador por 2 horas a 2 horas e meia, e isso tornou tudo bastante cansativo.
O X Factor Brasil tem um grande mérito: o elenco jovem do programa soube fazer buzz nas redes sociais, seja negativo ou positivo. Os finalistas foram escolhidos pelo público e isso se deve diretamente ao que cada um deles representou dentro do programa, e fora dele, na internet fazendo a ponte com a audiência.
Grupo Ravena – Formado por Júlia Rezende, Laís Bianchessi, Jack Oliveira e Lara Dominic –
As meninas que foram unidas durante o programa (assim como o Fifty Harmony), e aprenderam a ser um grupo, têm boas vozes quando cantam separadas mas precisam harmonizar corretamente, e principalmente separar os vocais nos tons certos. Donas de grande popularidade, o público brasileiro, carente de música pop no Brasil, as enxerga como potenciais substitutas do extinto grupo Rouge. Menos votado entre os finalistas, o grupo tem torcida para continuar unido fora da competição.
Christopher Clark – Apesar de não parecer, o cantor de rock tem 43 anos de idade e uma voz extremamente radiofônica. Mesmo errando notas durante o programa, e ter perdido o fôlego algumas vezes, é inegável seu talento e conhecimento técnico. Foi o destaque masculino do programa e o grande vencedor. Cantando “Stone Cold” de Demi Lovato na final do último episódio, ele conseguiu chegar a agudos que dificilmente a própria intérprete consegue entregar ao vivo. Natural de Santos, ele viu no X Factor a oportunidade de construir uma carreira sólida. Segundo Rick Bonadio, a vitória de seu pupilo foi a representação dos músicos brasileiros que lutam durante anos para conseguir um lugar ao sol.
Jenni Mosello – A cantora se mostrou a mais versátil da competição, com uma grande voz e uma imensa base de fãs conquistada após sua apresentação emocionante na última semana. Sua extensão vocal impressionou os jurados embora sua atitude teatral e interpretação das músicas fossem mais lembradas. Jenni tem aparência de menina, e uma voz poderosa, que vai do pop ao jazz com uma facilidade incrível.
Após apresentações de Ludmilla, Tiago Iorc e Jota Quest, o programa terminou em clima de festa com o vencedor Christopher Clark soltando a voz ao som de “Kiss” do Prince.