Sonolento, É de Casa se perde com dicas inúteis ou impossíveis

Publicado em 03/04/2018

Quando foi lançado, o É de Casa mostrou a intenção de ser um programa de variedades. Como o nome sugere, a ideia era um programa sobre a casa, e tudo o que a envolve. E cabia de tudo: havia pautas geeks, entrevistas com artistas, espaço para comentários sobre as notícias do dia, culinária, musicais… e, também, prosaicas dicas domésticas. Até aí, tudo bem.

No entanto, conforme foi passando o tempo, as variedades foram perdendo espaço para dicas e dicas de como se fazer de tudo para sua casa. E, como se trata de um programa que ocupa três longas horas das manhãs de sábado da Globo, haja assunto e ideias para preencher tanto espaço. Este amplo tempo para ser preenchido por dicas domésticas acaba, então, fazendo surgir um sem-número de dicas inusitadas, ou impossíveis, ou simplesmente sem lá grandes utilidades.

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No último sábado (31), por exemplo, Ana Furtado recebeu uma profissional que ensinou a fazer uma bolsa de mão utilizando um jogo americano. Enquanto isso, Patrícia Poeta mostrou como fazer bijuterias com retalhos de tecidos. E, digamos que o resultado prático da coisa não foi lá muito bonito. O que se viu foram produções de gosto um tanto duvidoso. Além disso, Ana Furtado também recebeu um marceneiro que ensinou a fazer um painel que serve como suporte à TV, e que também é um nicho para guardar coisas. Uma ótima ideia, mas para fazer em casa o espectador deve ter à disposição um sem-número de ferramentas, além de grande habilidade com marcenaria. Ou seja, não é qualquer um que vai fazer em casa um painel como aquele.

Nem tudo é descartável ou impossível no É de Casa. O programa trouxe boas dicas sobre pets e também sobre jardinagem, além de trazer boas receitas na culinária e participação de músicos. Mas é pouco diante do grande tempo do programa, que dedica longos minutos a dicas que não são tão úteis. Com isso, o programa acaba se tornando tedioso e sonolento, o que é perigoso, já que se trata de uma atração matinal.

O É de Casa pode, e deve, continuar trazendo dicas domésticas. Mas poderia dosar os assuntos, trazendo também mais reportagens, jornalismo, entrevistas com pessoas interessantes, ao invés de apenas focar em quadros claramente inspirados nos vídeos de “faça você mesmo” que fazem sucesso na internet. Chega a ser um desperdício um programa com uma estrutura tão interessante ficar andando em círculos explorando pautas tão fracas. Até por ser uma atração semanal, se espera um pouco mais de cuidado na definição dos assuntos que serão tratados. É de Casa poderia ser melhor.

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