O final das noites de terça-feira (às 22h30) na Rede TV! reserva essa grata surpresa em meio à profusão de reality shows que povoam os canais abertos nesta faixa horária.
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Hervolution é uma atração direcionada às “minas, manas e monas” e o fundo do estúdio não é uma vista nem para a Avenida Paulista, nem para outro ponto turístico, mas sim uma bela panorâmica da Zona Leste cidade de São Paulo.
Na grade da emissora há cerca de seis meses, o programa voltado a mulheres joga luz e frescor à fórmula já um tanto batida de programas femininos. É uma reviravolta diante dos batidos programas estilo mulherzinha, já que aborda mulheres reais e de todos os estilos na luta diária por seu lugar de merecimento na sociedade.
Com foco nas jovens, mas com temas de interesse para mulheres antenadas de todas as idades, o programa também lança um importante e necessário olhar para as periferias, onde vive a grande massa da população e do próprio público da televisão aberta.
Os assuntos são voltados para as mulheres que estão começando a carreira, estudando, criando seus filhos enquanto batalham no mercado de trabalho e também para as que buscam novas visões de vida e carreira profissional.
Comportamento
As pautas e entrevistas passeiam sobre temas ligados a saúde, sexo, beleza, comportamento.
Várias repórteres se revezam nos quadros e programas, com clara intenção de uma maior inclusão e diversidade quanto possível. Em geral, a pergunta da jovem repórter é: “Explica pra gente como é esse rolê!”.
Há até um quadro de transformação estilo “dia de princesa”, o Me Ajuda Trans, conduzido pela apresentadora transexual, a MC Trans.
A linguagem do Hervolution é toda da escola Kondzilla Filmes de audiovisual. A produtora do maior canal do YouTube do Brasil (com 65 milhões de inscritos) é a responsável pelo programa e sabe como falar com seu público de forma direta e acessível.
As mulheres são tratadas como manas, falam de suas conquistas e também dos preconceitos que sofrem, com sua linguagem sincera.
O cuidado com o visual é importante e a opção é por cenários e figurinos multicoloridos, imponentes. A atração aproveita um casting multirracial de garotas bonitas e modernas, com corpos e cabelos de todas as formas.
Quadros
Alguns dos nomes dos quadros indicam bem as intenções do Hervolution: além do Me Ajuda, Trans; há o Girls Boss, sobre mulheres empreendedoras que abriram seus próprio negócio, o call center de conselhos Miga sua Loka, onde se ouvem histórias e dicas de comportamento das “minas”.
Há também o Lugar de Mulher, sobre profissões tradicionalmente ligadas aos homens onde elas avançam; um quiz sobre conhecimentos musicais, o Toca Discos.
No inacreditável quadro Sem Filtro, a ótima entrevistadora Gabi Bulhões vai tomando um shot de bebidas com as entrevistadas, e as duas vão se soltando ao longo da entrevista, até não se medir muito as palavras e dar respostas muito sinceras.
Em um ou outro episódio há um quadro musical garantido com o casting Kondzilla, o Batidão, com uma atração de uma artista feminina no Studio Her.
Bairros que a TV só aborda em noticiários policiais ou de enchentes, como Cangaíba e Heliópolis por exemplo, são alguns dos abordados nas reportagens.
A apresentação solta da cantora Camila “Mila” Braga e uma excelente sonoridade garantem o ritmo entre um quadro e outro.
LGBTQIA+
Não ficam de fora também pautas LGBTQIA+, estética, conversas e debates com pessoas raramente vistas nos tradicionais programas matutinos e vespertinos das redes de TV aberta.
Vale lembrar que os programas femininos na televisão aberta pouco ou quase nada se renovaram desde o extinto TV Mulher (da TV Globo). No máximo, seguem hoje a fórmula do também já antigo Mulheres (da TV Gazeta).
Mais que isso, Hervolution vai às ruas, conversa com pessoas reais e sai um pouco do modelo de sofá com entrevistas feitas para donas de casa entediadas.
O programa tem direção geral de Alana Le Guth e merece ser visto sem preconceitos por mulheres de mente aberta e jovens de muitas idades.
Aqui, o link para o mais recente programa exibido na RedeTV!
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