
Quem esperava uma entrevista com revelações bombásticas, ficou esperando, Edir Macedo, ‘macaco velho’ e muito bem instruído, com toda certeza, conseguiu se desvencilhar de todas as perguntas feitas por Roberto Cabrini, no Conexão Repórter especial, exibido nesse domingo (26), no SBT.
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O líder da Igreja Universal e dono da Rede Record, bispo Edir Macedo, recebeu Roberto Cabrini, a pedido de Silvio Santos, no famoso e grandioso Templo de Salomão, em São Paulo. Em seu território, o religioso foi questionado sobre quase tudo, Roberto Cabrini cumpriu seu papel de jornalista, excelente por sinal, e perguntou, mas Edir Macedo respondeu com as mesmas respostas de sempre, nada de novo foi revelado, nenhuma bomba, nenhuma polêmica. Tudo aquilo que já é de conhecimento público, inclusive publicado em sua biografia, foi recontado durante a entrevista.
Durante 90 minutos, a entrevista contou a história de um dos líderes religiosos mais poderosos do mundo. Vida pessoal, infância, família, religião, política, televisão, tudo, ou quase tudo foi abordado. Mas com um discurso comum a quem está acostumado com as perguntas, Edir Macedo deu um baile no experiente repórter, Roberto Cabrini.
Roberto Cabrini foi totalmente isento, imparcial e neutro, como deve ser mesmo. Perguntou sobre as polêmicas envolvendo Edir Macedo e a Igreja Universal, a prisão em 1992 e as acusações de charlatanismo, tudo foi respondido, mas como sempre, agindo como vítima de poderes que desejam o fim do bispo e sua igreja.
“Acredito que eu seja o inimigo número um da Igreja Católica… A Igreja Universal é que nem omelete. Quanto mais se bate, mais ela cresce.”
Sobre a teoria da prosperidade e os dízimos ele foi direto e defendeu sua atitude e prática de pedir dinheiro aos fiéis.
“Só os estúpidos pensam em teologia da miséria… Sobre a frase “Ou dá ou desce” ele completou: “Não me arrependo. Eu falei aquilo que pensava e penso. E vou continuar pensando… Se você dá, você recebe. Se você não dá, você não recebe… Sou uma máquina de ganhar almas.”
O caso do chute na imagem de Nossa Senhora, em 1995, segundo Edir Macedo, foi o pior momento da Igreja Universal e afirmou que aquele tipo de atitude, de um pastor de sua denominação, foi uma exceção.
“Foi um chute no estômago, para não dizer num lugar mais baixo. Foi a pior coisa que aconteceu dentro do trabalho da Igreja Universal. Porque não é o nosso estilo agredir a religião dos outros. Se exigimos respeito à nossa crença, temos que respeitar as outras crenças.”
Fora essas questões, Edir Macedo falou ainda de sua vida sexual, as namoradas, a família, esposa e filhos. Fugiu do assunto sucessão. Quem será seu sucessor? Ele disse que ainda não sabe.
Sobre a Rede Record, Edir Macedo disse que pouco interfere na emissora. Afirmou que é consultado sobre tudo, mas que seu canal de televisão está na mãos de profissionais.
“Se é bom para a Record, é bom pra mim. Nossa filosofia é dar liberdade às pessoas em quem nós confiamos.”
Mesmo sendo entrevistado por Roberto Cabrini, do SBT, Edir Macedo desdenhou do canal de Silvio Santos.
“Depois da Record, o Brasil teve outro rumo. Até então tínhamos a Rede Globo como informação única nesse país. Com a Record tivemos a oportunidade de deixar o povo brasileiro ciente do outro lado dos fatos. Isso fez o Brasil despertar. Hoje temos um Brasil democrático, eu diria, em grande parte por causa da Record.”
Silvio Santos, ao encerrar seu programa e anunciar a entrevista com Edir Macedo, demonstrou, como em outras oportunidades, muito respeito pelo bispo. Classificou o programa como uma homenagem ao religioso, que “levou tanta gente que estava no mau caminho para o bom caminho.”
Ao encerrar a entrevista Roberto Cabrini perguntou em que Edir Macedo se parecia com Silvio Santos, segundo o repórter, “dois grandes comunicadores.”
“Não tenho o sorriso, a gargalhada, o jeito do Silvio Santos. Ele é um excelente comunicador… E eu tenho a minha fé. Só sei passar fé.”
Na entrevista faltou abordar as acusações de lavagem de dinheiro e as constantes brigas de Edir Macedo com seu concorrentes, líderes religiosos de outras denominações, com quem constantemente tem atritos por espaços na televisão e disputa por fiéis.
No geral a entrevista foi morna e de fato ficou como uma homenagem a Edir Macedo, uma celebração ao bispo e a Igreja Universal.
Muito aguardado pelo público, o Conexão Repórter rendeu boa audiência e a vice-liderança para o SBT. Foram 9 pontos de média, contra 11 da Globo e 5 da Record.