Na semana passada, foi notícia que a Record dispensou a equipe de produção do programa Gugu. Sem definição sobre seu futuro na emissora, o desmanche de sua produção foi entendido como mais um sinal de que não deverá haver renovação de contrato entre o artista e o canal. Com isso, Gugu Liberato, que já reinou absoluto nas tardes de domingo, parece sofrer de uma eterna crise de identidade artística.
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O apresentador teve sua imagem chamuscada desde a ocasião da falsa entrevista com o PCC, exibida pelo Domingo Legal do SBT em 2003. De lá para cá, Gugu até conseguiu recuperar algum prestígio, mas jamais foi o mesmo. Em seus últimos anos no SBT, seu programa já andava mal das pernas, exibindo quadros sem qualquer criatividade e com pouco investimento. O animador só voltou a ser destaque na programação com o quadro Construindo um Sonho, que se tornou seu único trunfo.
Quando trocou o SBT pela Record, Gugu poderia ter aproveitado a mudança de ares para, também, recuperar sua persona animador, que foi perdida em algum momento de sua carreira. No entanto, isso não aconteceu, e o Programa do Gugu surgiu como praticamente um clone do Domingo Legal. Não deu certo, Gugu deixou o canal, passou por um período sabático, até voltar com o novo programa Gugu, exibido nas noites da Record.
Mais uma vez, parecia a chance para que Gugu saísse do marasmo. Seu programa noturno começou muito bem, chegou a incomodar a linha de shows da Globo e deu trabalho ao Programa do Ratinho, do SBT. Era exibido três vezes por semana em 2015, mas passou a ocupar apenas as quartas-feiras em 2016 e 2017, inicialmente com resultados satisfatórios. No entanto, aos poucos, Gugu foi perdendo fôlego. Se em seu início, o programa de Gugu Liberato fazia o Programa do Ratinho de freguês, neste ano a situação se inverteu e o programa do SBT passou a fazer a festa.
E isso aconteceu justamente porque, mais uma vez, Gugu estacionou em algum momento. Seu programa das quartas-feiras passou a apostar em entrevistas muitas vezes inexpressivas e repetitivas. No palco, o animador só aparecia para merchans e na condução de pautas que mais pareciam assuntos de programas matinais, de tão amenas. Ou seja, mais uma vez, Gugu perdeu a chance de se reinventar e caiu numa fatídica falta de criatividade.
A Record gostaria que Gugu se tornasse apresentador de programas com formato pronto, como fez com Xuxa e, agora, com Marcos Mion. Mas o apresentador, parece, não está disposto a isso. Realmente, talvez não seja mesmo o melhor destino. No entanto, continuar neste caminho preguiçoso que Gugu vinha trilhando com seu programa de quarta-feira também não faz o menor sentido. Ou o apresentador volta a ser o Gugu dinâmico e com a garra dos áureos tempos (na Record ou em qualquer outro canal), ou continuará perdendo terreno e prestígio.
Com mudança de fase, O Outro Lado do Paraíso ganha fôlego
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