A vitória de Gabriel Coelho na noite desta quinta-feira (26) encerrou a primeira temporada de Mestre do Sabor na Globo. A competição culinária começou celebrada, por se tratar de um formato original da emissora. Mas chega ao fim apático, sem ter empolgado o público de fato. A estreia tardia, falhas no formato e um apresentador que dividiu opiniões ajudam a explicar o parco desempenho.
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O principal “inimigo” de Mestre do Sabor foi justamente a perda do “timing” por parte da Globo. A emissora não soube enxergar antes a força dos realities de culinária, que começavam a virar mania pelo mundo, relegando o formato a quadros (bem-sucedidos, diga-se) do Mais Você. Enquanto isso, Band, SBT e Record TV corriam para lançar suas próprias versões do talent show de cozinha em horário nobre. Assim, o público brasileiro se viu diante de uma enxurrada de competições do segmento. Quando a Globo finalmente decidiu fazer sua própria competição, o formato não só não é mais novidade, como começa a dar sinais de cansaço.
Além disso, por mais que Mestre do Sabor tenha suas qualidades, há detalhes no formato que não funcionaram. A direção da atração optou por fazer da competição um grande game de auditório, priorizando bastante a ação no palco. Isso deu um diferencial, mas também prejudicou o programa. Isso porque a edição acabou não valorizando as histórias dos participantes, o que poderia levar o público a se envolver e torcer. Assim, tudo acabou ficando meio distante, o que afastou a audiência.
Claude Troisgros
A escolha de Claude Troisgros para comandar Mestre do Sabor também pode ter prejudicado a atração. Não que Claude não tenha condições para isso: é uma figura do métier, bastante conhecido e respeitado, além de ser carismático ter um traquejo evidente diante das câmeras. Porém, por mais que Claude tenha seu espaço, tanto na culinária quanto na TV, é fato que o chef ainda não era uma figura conhecida por toda a massa que forma a audiência da TV aberta.
Além disso, o sotaque francês carregado também pode ter afastado parte do público. O espectador gosta de um sotaque francês, e o sucesso de Erick Jacquin no MasterChef prova isso. Mas Jacquin não é a figura central do MasterChef. E só se tornou protagonista de um programa, o Pesadelo na Cozinha, quando já era mais conhecido. Em suma, teria sido uma escolha menos arriscada um apresentador de carreira, e não um chef, para comandar o programa.
Mesmo assim, a Globo deve apostar novamente no Mestre do Sabor em 2020. A emissora devia, então, promover ajustes na fórmula para tentar fazer o público se envolver mais com a competição. É um bom formato, mas carece de alguma modificação.
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