Muitos antes da bola rolar para o jogo entre Chelsea e Palmeiras pelo Mundial de Clubes, já se sabia que este seria um daqueles dias históricos para a televisão brasileira. A Band, com exclusividade na transmissão no segmento aberto, em uma tarde de sábado – uma das piores em termos de atratividade -, teve o caminho livre para empreender uma audiência massiva e registrar um dos maiores resultados de sua trajetória recente.
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Chama a atenção que, mesmo com esse cenário se formando há semanas, quando se soube que a Globo – a rede com maior capacidade de retenção de audiência no mercado – não transmitiria o Mundial, a Band não tenha se preparado apresentar um material institucional sobre seus produtos de grade para uma “audiência de Super Bowl”, guardadas as devidas particularidades de cada evento e mercado.
Historicamente quarta colocada no ranking de emissoras mais assistidas, a Band não é tão conhecida para além de suas transmissões esportivas ou de algo de seu jornalismo. A emissora teve a oportunidade de mostrar Faustão, o Melhor da Tarde, a programação matinal e as novidades que chegarão em breve. Quem sabe seria possível ter exibido, logo após a transmissão, uma edição do 1001 Perguntas e turbinar a audiência de fim de noite, quando o programa é regularmente exibido?
A falta de estratégia na divulgação não é um mal que acomete à Band apenas. As emissoras brasileiras, em geral, têm dificuldade de encontrar – se é que buscam – o timing para colocar no ar uma eficiente campanha de divulgação. É em momentos como final da Conmebol Libertadores, da UEFA Champions League, da Copa do Nordeste, do Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 ou do Mundial de Clubes que as redes devem mostrar o seu melhor.
O SBT, por exemplo, tem dois dos mais importantes campeonatos de futebol, mas é incapaz de amarrar a audiência das transmissões esportivas a produtos de dramaturgia, de game show ou até de reality show. A Record TV carrega nas costas um fiasco histórico da televisão brasileira por não ter conseguido se projetar, crescer, lá em 2012, com a Olimpíada de Londres.
A impressão sobre as emissoras que não são líderes de mercado no Brasil é de que elas não têm muito o que almejar – apesar de isso não justificar a previsibilidade, a falta de criatividade.
A transmissão mais descentralizada de eventos esportivos parece apenas uma pontualidade em suas estratégias de médio e longo prazo e não uma oportunidade de construir uma grade mais robusta e diversa e independente de tais campeonatos.
Como resultado, muitos executivos não sabem explicar o porquê de determinadas produções, por mais caras e bem realizadas que sejam, não funcionarem, e, então, vem a perda de recursos.
A Band seguir o exemplo do SBT, com a Libertadores, e não ter aproveitado a oportunidade que o Palmeiras no Mundial de Clubes lhe deu, é um fracasso institucional possivelmente irreparável neste 2022.
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