
No ar em Gênesis, Paulo Verlings aparece irreconhecível na Record em relação a seus trabalhos anteriores na Globo, e não apenas por ter perdido o cabelo cacheado e raspado a cabeça para interpretar Shareder. Na antiga casa, o ator emendou quatro bandidos nos últimos cinco anos, entre papéis fixos e participações. Por isso, ele comemora por finalmente poder interpretar um homem bom, amigo de José (Juliano Laham), protagonista da última fase da trama bíblica.
Veja também:
Em entrevista exclusiva à coluna, Verlings revela que a sequência de papéis repetidos na Globo o estimularam a trocar de emissora. O ator deu vida a um bandido atrapalhado em Rock Story (2016), um traficante em Malhação: Vidas Brasileiras (2018) e um sequestrador em Segundo Sol (2018). Quando recebeu o convite da Record, tinha acabado de fazer uma aparição relâmpago em Amor de Mãe (2019), também como um criminoso.
“Não pensei duas vezes em topar o personagem, que me demandou muito trabalho e muita dedicação. Nós, atores, somos movidos a desafios. Na televisão e no audiovisual, as escolhas não ficam na nossa mão. Se são sucessivos traficantes ou bandidos, acontece, a gente tem que lidar com isso de maneira madura e tranquila. No panorama atual do país, temos que agradecer que a gente está trabalhando. São poucos atores que têm o privilégio de escolher personagens”, afirma o artista.
Quando anunciou em sua rede social a ida para a Record, ressaltou a personalidade de Shareder: “Um homem bom! Bom mesmo!”. Uma clara resposta aos anos vivendo criminosos na Globo. “Foi um dos fatores que me cativaram para aceitar esse personagem. É muito puro, é bom, está descobrindo a vida ao lado da mulher. Ele tem uma perspectiva da bondade, e isso se quebra um pouco durante a trama, ele fica um pouco duro é bacana de ver”, explica.
Na história bíblica, Shareder ascende socialmente ao lado de José. É ele que leva o amigo para o palácio e o apresenta ao faraó Sheshi (Fernando Pavão). O protagonista se torna governador do Egito, e seu escudeiro passa a trabalhar na cozinha do palácio. Depois, vira copeiro, e sua evolução é acompanhada de perto pelos espectadores: “Tem sido muito gratificante dar vida a esse personagem. As pessoas têm gostado, estão me escrevendo muito, a novela tem um público forte, tem sido bem bacana”.
Com as gravações concluídas, Verlings se dedica ao musical Gabriel Só Quer Ser Ele Mesmo, em cartaz até o fim de outubro no Rio de Janeiro após ter sido paralisada no início da pandemia de coronavírus. No teatro, o ator não precisará mais raspar a cabeça, rotina que lhe causou incômodo na Record.
“Estou há quase cinco meses raspando todos os dias. Meu couro cabeludo ficou muito sensível. Desde o começo sabia que iria raspar, mas o meu cabelo cresce muito rápido e gravava todos os dias. Não estava suportando mais”, admite.
Siga o colunista no Twitter e no Instagram.