Rede social dá dinheiro? Para Gui Mendonça, ex-ator mirim com trabalhos na Globo e na Record, ser influenciador digital é uma profissão. Prestes a completar 18 anos, ele aproveita seu talento para a dança em vídeos com milhares de visualizações. No TikTok, ultrapassou 1 milhão de seguidores, e o sucesso lhe rendeu a oportunidade de estrear no cinema.
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Na última quarta-feira (11), Gui Mendonça se viu pela primeira vez na telona na pré-estreia do filme Eu Sou Maria, que entra em cartaz na próxima semana.
“Interpreto Marquinho, um menino de favela, revoltado, que vive em um fliperama com o amigo dele, não quer nada com nada, e acaba engravidando a namorada. Ele não quer assumir o filho. É muito difícil de lidar, ainda mais nessa idade, e acontece muito no cotidiano”, explica o ator em entrevista exclusiva à coluna.
Gui acabou de filmar seu segundo longa-metragem, O Deserto de Luíza, em que deu vida ao personagem mais desafiador da carreira: um adolescente gay.
“Marcinho é homossexual não assumido. Os pais dele não sabem, mas amigos da escola começam a perceber. É uma pessoa doce, não gosta de injustiça e sempre está do lado certo. Como vivo no mundo da dança e sou influenciador digital, convivo com muitos amigos homossexuais e passei a observar o jeito como eles agem, tanto em locais públicos quanto só com amigos, para usar como experimento e dar vida ao personagem”, conta.
O lado negativo da história vem dos preconceituosos. Gui Mendonça revela que sofreu homofobia só porque dança: “Já me chamaram de ‘veadinho’ quando usava black, falavam que dançar era coisa de ‘veado’. Nunca deixei isso me abalar, sempre levantei a cabeça e segui em frente. Faço porque gosto e não ligo para quem fala de mim. Se está incomodando é porque está dando certo”.
Dança e TV
Dançarino desde antes de nascer, quando chutava a barriga da mãe ao ouvir a música Yeah!, de Usher, Gui Mendonça tornou-se fã de Michael Jackson ainda criança e se especializou na arte, participando de competições e conquistando muitos prêmios. Em 2018, aos 12 anos, ele precisou escolher entre mais um concurso de dança e sua estreia na TV. Neste momento, a vida do menino mudou.
“Passei para o maior festival de dança do Brasil, em Joinville (SC), mas no mesmo dia tinha conseguido uma oportunidade na Globo. Participei do Tamanho Família, especial do Criança Esperança, em 2018”, afirma. Na emissora, fez pontas em programas como Zorra e Tá no Ar e atuou em sua primeira novela, A Dona do Pedaço, na mesma escola de Mel Maia. No mesmo ano, conquistou seu primeiro personagem fixo na Record, o menino de rua Nivaldo em Amor Sem Igual.
“Nunca tinha tido essa experiência, e trabalhar com grandes atores como Barbara França foi um prazer enorme para mim. Eu era menorzinho e achava as cenas muito legais! Uma vez liberaram e comi muito na mesa! Outra cena que gostei foi quando a polícia tira os moradores da rua e tentam prendê-los e eu corri deles”, recorda.
Este texto começou com a seguinte pergunta: “Rede social dá dinheiro?”. Gui Mendonça começou a publicar vídeos e se surpreendeu quando um deles atingiu 100 mil visualizações. Hoje, ele tem conteúdos com mais de 3 milhões de acessos e faz diversas ações publicitárias.
“Já ganho meu dinheiro. Estou reformando a casa onde moro em Duque de Caxias (RJ), fazendo o meu quarto e o quarto dos meus pais. É uma luta, mas estamos aí”, comemora.
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