Há exatos dois anos, o Brasil conheceu o talento de Jenyfer Oliver. A cantora participou do quadro Quem Você Tira?, do Programa Silvio Santos, e foi a mais aplaudida pela plateia, vencendo o concurso com ampla vantagem em relação às três concorrentes. O apresentador do SBT ignorou a votação popular, mudou as regras em cima da hora e premiou outra candidata. Telespectadores acusaram Silvio Santos de racismo, já que Jenyfer é negra.
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A cantora recebeu homenagens e mensagens de apoio após ter sido discriminada na TV. Duas concorrentes de Jenyfer no Programa Silvio Santos saíram em sua defesa. O chargista Nando Motta desenhou a sul-africana Zozibini Tunzi, que naquela mesma noite havia sido eleita Miss Universo 2019, pisando no dono do SBT e coroando a brasileira. Marília Mendonça compartilhou um vídeo de Jenyfer cantando Supera e exaltou o talento dela.
Dois anos depois, a ferida provocada no Programa Silvio Santos não cicatrizou. “Sinceramente, eu só ganhei seguidores no Instagram, porque não mudou nada, na minha vida”, afirma Jenyfer Oliver à coluna, um pouco incomodada com o assunto e ainda em choque pela morte de Marília Mendonça, sua apoiadora mais ilustre.
“Eu estava em casa quando recebi a notícia. Custei a acreditar. Achei que era mentira, não quis aceitar de forma alguma que ela havia partido e que meu sonho de conhecê-la também havia morrido junto com ela”, diz a cantora, emocionada. Ela soube pelo pai que Marília poderia ser uma parente distante, uma prima de terceiro grau, aumentando a vontade de conhecer a rainha da “sofrência”.
“Não queria que ela soubesse de qualquer jeito, queria que fosse cara a cara. Eu já a admirava desde o início da carreira, tivemos muitos amigos em comum que me ajudaram na migração do gospel para o sertanejo. Quando ela publicou meu vídeo, na época em que fui ao programa do Silvio Santos, parecia um sonho. Fiquei louca para contar a ela tudo sobre mim e sobre nós. Mas o medo não deixou, pois eu não queria assustá-la ao achar que eu queria aparecer falando que era prima. E deixei passar a grande oportunidade de ter tido ela de perto. Eu me arrependo amargamente, queria que tudo isso tivesse sido uma pegadinha”, lamenta Jenyfer Oliver.
Após ser constrangida na TV e receber carinho na internet, Jenyfer aproveitou pouco a fama. A pandemia obrigou a cantora a suspender os shows. Para piorar, há pouco mais de um mês ela descobriu um pólipo hemorrágico em suas cordas vocais, o que pode impedi-la de trabalhar. Em desespero, apelou a uma vaquinha virtual, já encerrada, com o objetivo de arrecadar dinheiro para sua cirurgia.
“Eu estava tão empolgada, porque os shows voltaram e eu tinha condições financeiras para pagar um acompanhamento com fonoaudióloga. Confesso que, na hora, fiquei muito triste, sem chão, pois ouvi que nem tratamento resolveria meu caso, só a cirurgia mesmo. Eu fiquei muito chateada, chorei demais com a notícia, porque nunca me imaginei sem cantar, sem poder fazer o que eu amo. Nasci para isso, sabe? Fiquei desesperada”, confessa.
Abalada pelo acidente aéreo que provocou a morte de Marília Mendonça, Jenyfer decidiu se sacrificar para prestar um tributo à cantora e retribuir o carinho que recebeu dela após o concurso musical do SBT. Mesmo sem condições físicas, ela entrou no estúdio mais uma vez e gravou uma versão de Fã Clube, música lançada por Marília com a dupla Maiara & Maraisa em seu último álbum, Patroas 35%.
“Fiz uma versão em homenagem a ela, pois a amo e sempre amarei, até a eternidade. Quero encontrá-la lá no céu para cantarmos juntas”, conclui Jenyfer Oliver. Assista abaixo:
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