Preconceito na TV

Televisão aberta não vai transmitir Paralimpíadas de Paris

Nem a TV Brasil se interessou pela disputa

Publicado em 24/07/2024

Milhares de brasileiros assistirão às Olimpíadas pela Rede Globo, que para garantir o sucesso da exclusividade para a TV aberta, resgatou Galvão Bueno da aposentadoria e traz Tadeu Schmidt de volta para o esporte. No entanto, muitos que não têm acesso a televisão paga ficarão, ficarão a ver navios. Nem mesmo a rede do governo manifestou interesse nas provas que acontecem em Paris na sequência dos Jogos Olímpicos.

O mais cruel disso tudo é que, mesmo com quase nenhum apoio, na média dos últimos campeonatos, os paratletas nos trouxeram muito mais alegria. Na última competição, o Brasil conquistou 21 medalhas: sete de ouro, seis de prata e oito de bronze. Já os paraolímpicos subiram ao pódio 72 vezes, recebendo 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze. De forma alguma queremos fazer uma comparação entre eles, já que, fora do futebol e poucas exceções, seguir no esporte é quase um sacerdócio no Brasil.

No entanto, é inacreditável que nos dias de hoje, com as marcas querendo vender a imagem de responsáveis socialmente, não enxerguem a potencialidade desse grupo vitorioso. O Departamento Comercial da TV Globo bateu recorde e conseguiu vender 21 cotas de patrocínio. Não é possível que parte dessas empresas não tivesse interesse também nas paralimpíadas, principalmente que seu custo é muito mais baixo já que o direito de arena para transmissão é praticamente de graça em termos comparativos.

E onde ficam as obrigações sociais das estatais, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras? Com verbas publicitárias milionárias, muitas vezes mal aproveitadas e com foco político, não poderiam dar exemplos a serem seguidos pelos apoiadores privados?

Ausência da TV Brasil

Estranhamente, a TV Brasil, que deveria dar o exemplo e que garantiu a cobertura das provas nas duas paralimpíadas anteriores, simplesmente lavou as mãos de sua função de emissora pública, deixando os paratletas fora da visibilidade. Criada pela primeira gestão Lula, ainda não entendeu seus verdadeiros conceitos como uma TV pública.

O argumento de inspiração na BBC de Londres, nunca foi efetivado na prática. Essa dissociação de seu real objetivo começou logo na criação, ao extinguir com sua implantação a antiga TVE do Rio de Janeiro, que produzia excelente conteúdo para dar lugar à TV Brasil, que nunca conseguiu se igualar em sua responsabilidade social.

Outra ausência sentida, que entrou no vácuo com a substituição pela TV Brasil, foi o fim das transmissões das escolas de samba mirins do Rio de Janeiro, considerado o celeiro e formador de novos foliões para abastecer as grandes agremiações.

Como tudo no Brasil é feito às pressas e só funciona por pressão política, pode ser que alguém de bom senso do governo ou da EBC – Empresa Brasil de Comunicação – corra atrás do prejuízo e transmita o evento esportivo que começa na sequência, no dia 28 de agosto já que o sinal será gerado em pool para quem se interessar.

Recorde Paraolímpico

Se não despertou o devido interesse das autoridades e empresários brasileiros, o mesmo não se pode dizer do restante do mundo. Mais de 3.000 jornalistas de todo o planeta pediram credenciamento em Paris.

Serão 11 dias de disputas, com 549 eventos que acontecerão em 19 locais diferentes de competição. Disputam 4,4 mil esportistas mundiais. A estimativa é que cerca de 3,4 milhões de pessoas assistirão aos Jogos para torcer pelos atletas de seu país. A meta do Comitê é que o Brasil se mantenha no top-8 do quadro de medalhas

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