O próprio apresentador nunca expressou incômodo, pelo menos em público, diante de dois projetos audiovisuais feitos de forma independente sem a sua supervisão. O mesmo não se pode dizer do restante da família Abravanel, com integrantes tendo manifestado, através de suas mídias sociais, o descontentamento com as biografias não autorizadas.
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O filme Silvio entrou em circuito nacional de cinema. A insatisfação fica evidente pela falta de familiares ou representantes nos eventos promocionais. Outro sinal é a ausência da cobertura sobre o lançamento da obra por parte da empresa de comunicação, como a TV aberta, a plataforma SBT News, o streaming +SBT e as contas em mídias sociais das empresas e dos familiares.
A situação é diferente da registrada de 2001. Naquele Carnaval, Silvio Santos foi enredo da escola de samba Tradição. Na época, o próprio apresentador fez questão de acompanhar tudo de perto, opinando, sugerindo e fiscalizando. O empresário ainda teria dado uma substanciosa contribuição financeira. Apesar da exclusividade de transmissão do desfile carioca ser da Globo, Sílvio tocou incansavelmente o samba em seus programas e nos intervalos comerciais durante toda a temporada.
Silvio, o filme
Ao contrário da narrativa carnavalesca, o comunicador pouco se interessou pelas transformações de sua vida em o série e filme. A equipe do longa-metragem tentou uma aproximação diplomática, mas, segundo a produção, Silvio limitou-se a dizer que não assinaria nenhuma autorização, mas em compensação não tentaria barrar judicialmente.
Solicitou apenas que não contratassem nenhum ator do SBT, nem pedissem financiamento às suas empresas. Mais político, o protagonista do filme, Rodrigo Faro, aproveitou sua participação no Programa Silvio Santos em 2018 para pedir permissão, ao vivo, ao próprio comunicador para interpretá-lo no cinema, condicionando sua aceitação a não objeção do “Dono do Baú”.
A produção se orgulha da independência da obra, roteirizada e produzida com nenhum envolvimento de familiares, e sem exibição particular prévia. A trama cinematográfica se inicia 12 horas após o sequestro da filha do apresentador, quando sua casa foi invadida e ele, mantido como refém.
Em meio à tensão, Silvio precisa manter a calma para garantir a segurança de sua família e, nesse contexto, reflete sobre sua trajetória de vida por um prisma mais humano, revelando falhas e vulnerabilidades daquele que se tornou um dos maiores ícones da comunicação.
O Rei da TV, a série
Além do mesmo biografado, os dois produtos audiovisuais têm em comum a transposição de momentos sensíveis, como a morte por câncer, em 1977, da primeira esposa, Cidinha, mãe de Cintia e Silvia. O empresário não expunha a mulher em público, temendo perder a fama de solteiro perante as fãs. A obra também aborda a conflituosa relação com Cintia Abravanel, a filha mais velha.
A minissérie O Rei da TV foi contada em 10 episódios. Além das discordâncias familiares sobre os enfoques narrativos, a série foi produzida pela concorrente Star+, com exibição antecedendo o lançamento tardio do streaming +SBT. De certa forma, o oferecimento da mesma matéria prima numa versão mais liberta pode ter enfraquecido o impacto do conteúdo oficial sobre Silvio, produzido internamente para ser o carro-chefe de sua plataforma on-demand.
A série foi protagonizada por José Rubens Chachá (Silvio em 1988), Mariano Mattos Martins (Silvio jovem), Guilherme Reis (Silvio adolescente) e Leona Cavalli (Íris Abravanel).