O volume de conteúdos necessários para alimentar um streaming é muito maior do que a quantidade produzida para garantir o funcionamento da TV aberta. É o que a Globoplay tem percebido com dificuldade. Em seus poucos anos de operação, a plataforma já praticamente esgotou os relançamentos dos inúmeros sucessos que a Rede Globo registrou ao longo de quase 60 anos.
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Isso sem considerar o período da dramaturgia ao vivo e as fitas perdidas por incêndios, má conservação ou regravações de outros produtos sobre os originais. Ou seja, as grandes obras já foram praticamente todas transferidas para o Globoplay, que neste momento recorre ao “segundo escalão”.
Estreia de Aquarela do Brasil
Um exemplo é o retorno da minissérie Aquarela do Brasil, incluída no catálogo nesta segunda-feira. Teve uma audiência mediana em sua primeira exibição em 2000, devido a uma série de fatores, como problemas de produção, ter sido inicialmente concebida para as 18h, além de atrasos e falta de continuidade nos capítulos devido às Olimpíadas de Sydney.
E essa é uma das características do autor Lauro César Muniz, um dos mais geniais e ousados da história da TV, mas que, por conta disso, acaba pagando um preço alto. Ou seja, grandes marcos nem sempre resultam em grande audiência.
Autor Visionário
Entre suas obras notáveis, mas não totalmente compreendidas na época, estão: O Casarão – que narrava simultaneamente a história de três gerações de uma mesma família; Espelho Mágico – que mostrava os bastidores de uma emissora de televisão, com uma novela dentro da trama encenada pelos personagens; e Os Gigantes – que discutia a eutanásia.
No entanto, para a sorte da Globoplay, nem sempre um produto é bem recebido na ocasião, podendo ser melhor absorvido com o tempo. Além disso, o público de plataformas de streaming não é o mesmo da televisão linear. Aquarela do Brasil retrata os bastidores dos cantores da chamada época de ouro do rádio no país, durante a Segunda Guerra Mundial e períodos conturbados da política nacional.