Mal terminam as Olimpíadas com profundas alterações na programação da Globo, detentora da exclusividade do evento. Agora é a vez de todas as emissoras fazerem pequenos ajustes em suas grades para abrigarem a Propaganda Eleitoral Gratuita.
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Os “programas dos partidos políticos” começam no rádio e na televisão no próximo dia 26, estendendo-se até 30 de setembro, quando ocorre uma pequena pausa para retornarem apenas nas localidades que tiverem segundo turno para prefeito. De uns anos para cá, embora mantidos em duas faixas, os horários são diferenciados pelos meios.
No rádio serão às 7h e 12h. Na TV, às 13h e 20h30. A duração hoje é bem menor, ao contrário do passado, onde as transmissões chegavam a quase uma hora por dia. Por isso não serão necessárias grandes alterações por parte das emissoras.
Apresentadores candidatos fora do ar
As mudanças maiores já ocorreram e não foram nas grades de programação, mas nas conduções e produções dos conteúdos. Para atender à lei eleitoral brasileira, desde 30 de junho precisaram ser afastados de frente das câmeras e dos microfones, os profissionais de comunicação que concorrem ao pleito.
O objetivo é evitar que tirem proveito de sua visibilidade profissional, causando desigualdade em relação aos concorrentes. Neste caso, historicamente os maiores prejuízos com licenças de colaboradores costumam ser mais sentidos nas afiliadas. Isso porque dentro da realidade nacional quanto mais longe dos grandes centros costumam ser maiores as influências políticas nos meios de comunicação.
Em termos nacionais, o maior expoente é José Luiz Datena, que está fora do comando do jornalístico policial Brasil Urgente, um dos campeões de audiência da Band. Mas essa determinação legal para saída do ar é apenas no seu lugar de fala profissional. Como qualquer candidato, ele pode participar de debates, entrevistas e sabatinas, desde que em situação próxima de igualdade de espaço com seus concorrentes.
Barraco na Globo
E foi justamente na sabatina feita na filial do grupo Globo em São Paulo que ocorreu a insólita discussão entre a entrevistadora Natuza Nery e o funcionário da Band. O vídeo que viralizou mostra o desconforto sentido e os equívocos cometidos pelos dois “colegas de profissão”.
Por ter a maior exposição devido à posição de liderança da Globo e também por derrapagens históricas cometidas pelo canal, imagine a pressão e a cobrança em cima da jornalista para que não deixasse nenhuma margem de contestação em relação a isenção da sabatina.
Talvez por isso ela levou para para o programa dois discursos já prontos para serem jogados na mesa . Opinou que considera ser difícil sair do papel de apresentador para o de entrevistado. E emendou citando prática “Manterrupting”, que é um termo em inglês para o comportamento machista de não deixar a mulher falar.
Embora existam e não sejam raros no nosso processo comunicacional, os dois argumentos não se encaixaram no teor da discussão travada. Primeiro, ela escorregou no conceito. O verdadeiro papel do apresentador não é falar apenas, mas sim conduzir, provocar e ouvir seus convidados.
O segundo equívoco foi que o candidato não a interrompeu por ser mulher. Cometeria o mesmo ato com um condutor de qualquer gênero. Ele vem de uma linhagem antiga de comunicadores em que muitos confundem a condução de um programa com a supremacia do discurso. Por isso, não raramente, deixam seus interlocutores sem voz ou impedidos de concluírem seus raciocínios. Embora fora do campo jornalístico um exemplo significativo dessa conduta geracional é o comunicador Fausto Silva que foi muito criticado por atropelar seus interlocutores convidados.
Já o candidato também precisa refletir e se livrar o mais rápido possível desse cacoete que não cabe mais na comunicação assim como em cargos públicos. Precisa entender que não está nos estúdios de seus programas e nem falando estritamente para o público impactado por conteúdos policiais. O comportamento em palanques, convenções, reuniões e discussões públicas exige uma diferença postural. Para seguir carreira política, muitas vezes é preciso ouvir mais e falar menos.
Band faz primeiro debate
Ocorre em 19 cidades. No entanto, por conta do incidente com Natuza Nery as atenções devem se voltar para a disputa pela prefeitura de São Paulo. Isso por conta da curiosidade a respeito do comportamento de Datena que estará em sua casa profissional demandando da apresentação e da produção da Band uma atenção ainda maior na execução para que não haja impressão de favorecimento do candidato.
O debate acontece nesta quinta-feira, a partir das 22h30. O programa contará com a sala digital em parceria com o Google mostrando em tempo real as pesquisas sobre o primeiro confronto entre os candidatos.