O prestígio de Pedro Bial continua inabalado. Sua competência, versatilidade e a boa aceitação entre os telespectadores e anunciantes fez com que a direção da Globo buscasse o caminho mais fácil para o sucesso.
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No entanto, isso gerou uma arriscada sobrecarga de exposição do profissional, que pode causar desgaste de sua imagem e aumentar, diante de qualquer deslize, os riscos do tão temido cancelamento. Além disso, essa divisão em várias frentes impede que ele possa dar o melhor de si.
Em recente autoavaliação, a cúpula da empresa admitiu internamente seu erro estratégico. O jornalista está no ar com três programas na disputada grade global, além de produtos especiais que circulam pelos demais canais do grupo. E diante de qualquer imprevisto, contratempo ou uma inevitável ausência do condutor, pulveriza as complicações operacionais em pelo menos três produções distintas.
Sacrificar programas
Essa imprudência administrativa deixou a emissora encurralada. Para reverter esse erro e reduzir a probabilidade de um acidente de percurso, a direção pensa em cortar na própria carne, descontinuando pelo menos um dos produtos sob sua responsabilidade. Sua atuação é tão marcante e autoral que dificilmente poderiam ser conduzidos por outros apresentadores sem um período de abstinência fora do ar para evitar rejeições e comparações.
Mesmo com bons resultados, o Linha Direta e o Som Brasil são os mais cotados para a guilhotina ou congelamento por um período por serem de menor apelo comercial. Porém, os dois são estratégicos nos investimentos que emissora vem implantando em novos modelos de negócios como revenda de conteúdo, geração de acervo, oferta de catálogo para o streaming e desmembramentos para em outras plataformas. Ambos apresentam boa aceitação entre os telespectadores tradicionais e com potencialidade de atrair novos públicos.
Com cada enredo oferecido como episódios independentes na Globoplay, o Linha Direta tem obtido resultados animadores também na plataforma. Já o Som Brasil apresenta grande aderência nas plataformas de música e devem ser reprogramados na íntegra ou desmembrados em clips para exibidos pelos canais especializados do grupo, Multishow e Bis
Prioridade ao Talk Show
Com a intenção da empresa em aposentar Jô Soares, coube a ele a missão de manter a tradição das entrevistas diárias no final da noite, após o Jornal da Globo. Junto com sua equipe, criou o Conversa com Bial em 2017. Porém, o modelo de exibição sofreu mudanças neste ano.
Após sucessivas reclamações de que suas entrevistas estavam indo ao ar tarde demais e diante da baixa audiência no GNT, a empresa abriu um precedente. Pela primeira vez, passou a apresentar uma atração diária reprisada após ser veiculada primeiro pelo canal secundário às 23h30. Essa dobradinha de Bial ajudou ainda mais na sua superexposição.
Linha Direta ou Som Brasil
O profissional ainda foi responsável pelo retorno do semanal jornalístico no ano passado. A atração policial estreou em 1990 sob o comando de Hélio Costa, depois substituído por Marcelo Rezende e Domingos Meirelles, até ser descontinuado em 2007. Sob nova batuta de Pedro Bial, ocupa as noites de quinta-feira.
Apesar de musical não ser necessariamente sua especialidade, outra empreitada foi o resgate, em 2022, da nova versão do Som Brasil. A dificuldade da equipe é que, além dos cantores agendados para mostrarem o conjunto de suas obras, fica comprometida a intenção manter-se de prontidão e garantir a agilidade diante de eventos factuais envolvendo nomes da música.
No passado conseguiram cumprir essa missão com as homenagens a Gal Costa, Erasmo Carlos e Rita Lee em menos de 48 horas após suas mortes. Atualmente, com a agenda do apresentador tão apertada, fica praticamente impossível atender a esse tipo de urgência, tendo que conciliar com tantas tarefas simultâneas do âncora.
Fora de Projetos Especiais
Além desses produtos fixos na grade, o jornalista ainda comandou projetos especiais trabalhosos que exigiram investimentos em pesquisa, investigação e grande variedade de locações para as reportagens. Entre os mais recentes, a compilação de denúncias que culminaram na condenação e prisão do médium João de Deus. Pedro Bial ainda atuou como supervisor da série-documentário Vale o Escrito – A Guerra do Jogo do Bicho.
Esses dois produtos figuram entre os documentários mais assistidos e que alavancaram o consumo na plataforma Globoplay.
Fila e dificuldade em abrigar Eliana e realocar Fátima Bernardes
Só para se ter uma ideia da exposição excessiva, toda quinta-feira, Bial está simultaneamente na Globo com Linha Direta e na GNT com o inédito Conversa. Ou seja, concorre com ele mesmo. E cerca de uma hora volta com a reprise das entrevistas na emissora líder.
Essa concentração provoca reclamações e congestiona ainda mais a abertura de espaço, para outros profissionais. Essa falta de espaço já resultou nos desligamentos recentes de Tiago Leifert, André Marques, Bruno de Luca, Fernanda Gentil, Ana Furtado e Cissa Guimarães. Outros aguardam ansiosos na geladeira a possibilidade de merecer um lugar ao sol na programação, como Márcio Garcia, Angélica e Sabrina Sato.
Com a não renovação da licença internacional do The Voice, Fátima Bernardes também entrou para o rol dos sem programa. Para neutralizar uma proposta de fora, a Globo improvisou um projeto de última hora para ela. Pelo esboço, trata-se de uma atração noturna de variedades envolvendo música e entrevistas diante de um auditório. O piloto ainda não foi gravado e não demonstraram indícios de que vai sair do papel e muito menos que se encaixe na grade de programação deste ano.
A emissora líder também teve que recauchutar dois antigos projetos para viabilizar a contratação de Eliana. Na dança das cadeiras, afastaram Ivete Sangalo do The Masked Singer e Astrid Fontenelle do Saia Justa – do GNT para abrir espaço para abrigar a nova funcionária. Pouca chance também da ex-SBT emplacar este ano uma proposta nova ou autoral.