Da tela para o papel

Como Selton Mello virou livro

Ator foi colocado contra a parede por colegas de trabalho

Publicado em 04/12/2024

Um dos maiores talentos da TV, do Teatro e do Cinema, lança-se também como escritor. Trata-se de Selton Mello. A nova empreitada chega quase que simultaneamente ao lançamento este mês de “O Auto da Compadecida 2” em que divide o protagonismo com Matheus Nachtergaele dando vida a dupla Chicó e João Grilo.

“Se o novo filme vai ficar melhor ou pior, não tenho a menor ideia. Mas vamos nos divertir de novo. Matheus é um gênio que cruzou meu caminho”, expõe Selton.

E justamente em sua autobiografia “Eu Me Lembro”, ele ressalta a importância desse personagem que chegou em um momento crucial de sua vida.

Estava pesado, machucado psicologicamente, cansado, cheio de crises existenciais. O Chicó me salvou, salvou a minha vida. Me trouxe o sol de novo e me trouxe para a luz. Trouxe meu riso de volta. “, revela em trecho do livro.

Ator começou criança

A obra celebra quatro décadas de carreira e traduz memórias da família, dos amigos e a profundidade da relação do ator e diretor com a arte. A trajetória é narrada em primeira pessoa, em resposta a uma série de perguntas feitas por um time de 40 estrelas da TV, teatro, cinema e literatura. 

Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, Fernanda Torres, o diretor Guel Arraes, Lázaro Ramos, Marjorie Estiano, Jeferson Tenório e Fábio Assunção são alguns dos nomes que ajudam a revelar um Selton de coração aberto: a carreira consolidada, suas dores, alegrias e uma história repleta de encontros de alma.  

Obra

A publicação conta com três cadernos de fotografias, que retratam momentos distintos da vida do ator e somam mais de 70 fotos. Ao longo dos capítulos, Selton se revela de forma tocante e poética, ri de si mesmo e da vida e entrega bastidores das produções de sucesso que deixaram grandes marcas, especialmente para o cinema brasileiro.  

As perguntas dos convidados abrem caminho para a intimidade que ele não costuma compartilhar publicamente. Exemplo disso são as passagens sobre a relação do ator com a mãe, Selva, acometida pelo Alzheimer e que faleceu em 2024, e a comunicação mais espiritual mantida pelos dois desde o agravamento da doença.

Esse vínculo funciona como a premissa do livro, pois lembrar, hoje, é essencial para manter as memórias da infância no interior de Minas Gerais, ou nos corredores da TV dos anos 1980.  Com um texto sensível, Selton dá voz aos desafios encarados ainda no começo da carreira, quando enfrentou o ostracismo após um sucesso meteórico e duvidou do próprio talento.

Para além de declarar seu amor à vida e à arte, ele se inspira em um grande sucesso ao dar o tom à narrativa. Em Sessão de Terapia, série que dirige e atua e com a qual retorna em 2025 para uma nova temporada, dúvidas e angústias são compartilhadas, criando a identificação do espectador com a busca por respostas.