No mínimo contraditória a justificativa da Globo de usar as eleições para adiar a campanha Criança Esperança de agosto para a primeira quinzena de outubro, alegando evitar que o evento beneficente seja usado para propaganda política.
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Primeiramente, o projeto foi criado por Renato Aragão em 1996, quase ao mesmo tempo que o processo de redemocratização. Ou seja, de lá para cá, os brasileiros vão às urnas de dois em dois anos. Numa conta rápida, foram 14 pleitos. Não é possível que só agora partidários possam tentar tentar tirar vantagem com a atração.
Justificativa Contraditória
E ainda, se é para fugir do calor das campanhas, não faz nenhum sentido tirá-lo de agosto, quando o calendário eleitoral está começando, para jogá-lo no meio do turbilhão do segundo turno.
Soa amadora a tentativa de lançar justificativas infundadas para não contextualizar a influência da presença da nova funcionária Eliana na campanha. Primeiramente, foi na edição do ano passado que começou o processo de aproximação que resultou na contratação dela, com a proposta de uni-la a Xuxa e Angélica numa alusão às três musas infantis dos anos 90.
A cúpula da emissora quer mais tempo para estudar como integrar a nova contratada no Criança Esperança. É que, embora tenha feito as malas e partido para a Globo, a loira deixou um pé lá através do projeto beneficente Teleton, programado para os dias oito e nove de novembro.
Cargo de Rainha
Substituta de Hebe Camargo como madrinha do projeto e no posto há 10 anos, ela saiu da antiga casa declarando que permaneceria no posto. A manifestação feita no calor das emoções pode resultar em complicações para os dois canais.
O posto pode não ser renovado pelo SBT, causando constrangimento. Porém, essa possibilidade é menos provável já que faz parte da raiz da campanha lançada por Sílvio Santos contar com a presença de representantes dos concorrentes. Portanto, no caso do cargo ser mantido, pegaria muito mal a Globo não liberar, diante da autorização dada no ano passado pela emissora da família Abravanel para a presença dela no Criança Esperança.
Como tudo está muito recente, e a estreia dela acontecendo agora na programação da Globo é mais vantajoso adiar a campanha, dar mais tempo para a poeira baixar, usando as eleições como justificativa. O mais incrível é que empresas que também vivem da informação não primem pela transparência quando se trata de si. Lembra um pouco o ditado “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”.