A partir de segunda-feira (27), o público da Record conferir novamente uma ousada e polêmica produção da emissora: Apocalipse. Exibida originalmente entre novembro de 2017 e junho de 2018, a novela bíblica – e futurista – se baseia nas profecias do livro homônimo, retratando o que seriam os últimos dias da humanidade.
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Um projeto ambicioso
À época de sua pré-produção, a Record vislumbrava em Apocalipse uma chance de voltar aos tempos áureos de Os Dez Mandamentos – que, em 2015, chegou a ultrapassar várias vezes a Globo, com sua fracassada trama A Regra do Jogo. Com esse objetivo em vista, Edir Macedo investiu pesado na novela, transformando-a no que parecia ser uma ‘superprodução’.
Parte do elenco e equipe técnica foram enviados para países como Itália, Estados Unidos e Israel, a fim de gravar algumas cenas que fariam parte da história. Outra preocupação da emissora foi contratar uma equipe de coloristas para dar o tratamento final aos primeiros capítulos, no intuito de aproximar a imagem da trama à das séries norte-americanas.
Fracasso de audiência
Todo esse esforço, porém, foi por água abaixo quando a novela entrou no ar. Apesar de uma boa performance no Ibope no capítulo de estreia, Apocalipse viu seus índices de audiência despencarem ainda na primeira semana, indo para a faixa dos 5/6 pontos na Grande São Paulo – sua antecessora, O Rico e Lázaro, chegava aos dois dígitos com regularidade.
Diante de tamanho fracasso, mudanças foram realizadas no roteiro do folhetim, cuja audiência chegou, de fato, a aumentar a partir de certa etapa. Isso não a impediu, porém, de encerrar sua trajetória com apenas 8,1 pontos de média geral – muito abaixo de suas antecessoras.
Sucesso internacional
Se no Brasil Apocalipse suou a camisa para conquistar um público significativo, no exterior a recepção da novela foi bem outra. Nos Estados Unidos, por exemplo, a novela fez tanto sucesso no canal UniMás – onde foi ao ar dublada em espanhol – que a emissora optou por exibi-la em dois horários diferentes.
Dança das cadeiras
Como já dito, havia a intenção de repetir o êxito de Os Dez Mandamentos com a trama sobre o fim dos tempos. Portanto, pretendia-se desde o princípio colocar os atores Guilherme Winter e Sérgio Marone nas mesmas funções de protagonista e antagonista que desempenhavam na trama de 2015.
No entanto, às vésperas do início das gravações, Winter pediu para deixar o elenco de Apocalipse, a fim de assumir o papel de vilão em Topíssima – trama que, aliás, acabou engavetada e só veio a ser produzida dois anos depois. Para substituí-lo em Apocalipse, foi escalado às pressas o nome de Igor Rickli, que havia estrelado justamente a trama antecessora da faixa, O Rico e Lázaro.
Uma outra substituição ocorreu, desta vez, com a trama já no ar. Thaís Melchior chegou a ter exibidas suas primeiras cenas como Melina, androide criada por Benjamin (Rickli) como parte de um inovador projeto científico. A atriz, no entanto, adoeceu e não pôde continuar participando da trama.
Em virtude disso, Giselle Batista assumiu a personagem – cuja mudança de aparência, dado o caráter de ‘ficção científica’ desta ala do enredo, não foi difícil de explicar. Posteriormente, Melchior viveria uma situação similar em As Aventuras de Poliana (2018-2020), do SBT – agora como substituta e não como ‘substituída’.
Bastidores polêmicos
Antes mesmo de estrear, Apocalipse gerou polêmica pela forma como retratava – de forma indireta, é verdade, mas nem por isso sutil – a Igreja Católica.
Parte da história central aludia à fictícia Igreja da Sagrada Luz, que ‘possuía’ sua sede em Roma e tinha como líder máximo o sacerdote italiano Stéfano Nicolazzi (Flávio Galvão), mentor encarregado de transformar Ricardo Montana (Sérgio Marone) no anticristo. Diversos telespectadores católicos torceram o nariz para a novela por enxergar, na figura de Stéfano, uma referência negativa e até mesmo ‘blásfema’ ao Papa.
Outra questão que gerou desconforto nos bastidores da novela – e um certo burburinho na mídia – foi a intervenção de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e hoje diretora de dramaturgia da Record TV, no texto de Vívian de Oliveira.
A autora ficou tão descontente com tais interferências que abandonou o texto da novela antes mesmo de seu final, deixando seus colaboradores responsáveis por concluírem a história. Meses depois, Vívian solicitou a rescisão de seu contrato com a emissora, pondo fim a uma parceria de mais de 20 anos.